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sábado, julho 29, 2006

"A palavra coração..."


Repete-se em todas
As músicas românticas
Exprimindo amor,
Ou até dor.
Normalmente é usada
Quando aquele alguém
Não quer mais nada,
E acabamos perdidos
Na desvela solidão.

Nosso coração quebra,
Feito um copo de cristal.
Cada pedacinho é o símbolo
Desse sortilégio
Malfeitor,
Que se impôs, sendo régio
O domínio desse amor.
Provoca assim um desaparecimento
Moroso,
Devido à desventura
Que guardou a imagem
Daquele lindo sentimento.

Depois do tal rompimento,
Vem um brioso sofrimento.
Generoso, porque fecha uma porta,
Mas abre uma janela.
Depressa vemos que a vida
É bela.
(Acham que estou a mentir?)

«Claro que sim,
Basta olhar para mim.
Sofro ainda as amarguras
De um amor inesquecível.
Foram inúmeras as janelas
Que se abriram,
Mas nenhuma delas
Me impediu,
De amar essa pessoa
Que há muito partiu.»

«Meu coração
Deixou de bater.
O sofrimento é tanto
Que não tenho razões
Pra viver.»

Deixou de bater,
No dia em que ela foi.
Deixei de ser o Herói,
Que a salvava sempre
Que estava triste.
Livrava-a dos perigos,
Da tristeza que no amor
Apoquenta o coração.

quarta-feira, julho 26, 2006

"O que somos"










Chamam-nos gentes,
Seres Humanos,
Animais racionais,
Seres que pensam,
Que têm moral.
(Há também a teoria
Que nem todos
Somos pessoas).

Somos as gentes
Que mata outra gentes,
Só para obter
Simples tostões.
Gentes que vê nos cifrões
Um objecto de cobiça.
Cobiça esta, que trás
O Inferno à Terra.
Gentes que originaram
Tantas Guerras,
Que terminaram
Em centenas de carcaças.
Carcaças que libertavam
Um odor desolador.
No meio disso o pavor
Entranhava-se nas almas
Dessas gentes.
Das vitimas,
E dos agressores.

«Mas o que somos
No meio de seres,
Vistos como animais?»

Passamos a ser irracionais,
Com esses actos de um
Autentico animal.
Sendo o mal
O seu único ideal.
Crianças violadas,
Filhos explorados
Como se fossem
Mulheres da vida.
Que pensamentos
Pode ter um ser assim?
Um ser assim
Não pensa,
Apenas age.

Com teimosia
E com ousadia,
Eu pergunto:
«Afinal, o que somos
No meio de actos
Mais sôfregos do que
Os de um animal?»
São tão cruéis!

Temos a mania de dar
Lições de moral,
Mas um animal
Que moral pode ter,
Para poder
Dar alguma?