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sexta-feira, setembro 22, 2006

PRESA A UMA CADEIRA DE RODAS




É tão bom podermos caminhar,
Mas como se sentem as pessoas
Que estão presas a uma cadeira de rodas?
Não podendo deslocar-se
Fica ali sentada
A ver as pessoas
Que caminham
Sem dar importância
À liberdade que têm.
Depende tanto da cadeira
E neste país não há condições
Para essas pessoas
Terem uma certa autonomia.
Não basta estar presa
Como também não se pode movimentar,
Já que os difíceis acessos
Isto não permitem.

Até que em alguns passeios
Têm feito rampas,
Mas não satisfazem todas
As necessidades dessas pessoas
Em cadeiras de rodas.
Qual será a sensação
De não poder sentir as pernas
Que nos deslocam?
Já não podemos dar passos,
Correr,
Sermos livres.
As nossas pernas recusam-se
A obedecer.
Tudo no mundo se movimenta,
Cada coisa segue seu rumo,
Enquanto que continuamos
Ali sentados,
Quase por obrigação.
É normal que fiquemos tristes,
Revoltados,
Ou que achemos
Que não merecemos
Este castigo.

Depressa descobrimos
Que não vale a pena reclamar,
Porque o tempo continua a passar,
Mas ela não voltou a andar.
Fica ainda mais triste,
Por se lembrar
Que outrora tinha
Umas pernas fortes,
Mas que agora
Nem sequer
As pode sentir.

Existem pessoas que nascem
Com problemas motores,
Mas ela ficou assim
Sem ter culpa.
Numa tarde
Lá vinha ela do seu trabalho,
Cautelosamente pela estrada.
Muito depressa essa calma
Desapareceu,
Porque um carro contra o seu bateu.
Um carro que vinha em excesso
De velocidade
E fez uma ultrapassagem
Mal calculada.
Ela ficou encarcerada,
Foi um milagre não ter falecido.
Estava sentada
No automóvel
E sentada ficou,
Porque ele a liberdade
Lhe tirou.

Quando se apercebeu
Que não podia mexer
Os membros inferiores,
Ficou completamente aterrorizada,
Mas depois passou
Porque ela aceitou-se assim
E decidiu lutar
Contra essa anomalia,
Para sensibilizar,
Para mostrar
Que o mundo não acaba
Quando algo do género acontece,
Para as pessoas saberem
Que o que é preciso
É força de vontade
E para evitar que aconteça
Outra vez uma coisa semelhante.

Espero que reflictam
Ao fim de lerem,
Para que tomem alguma atitude.
Não se esqueçam de aproveitar
Bem a vida,
Mas que os outros também aproveitem.
E deixem aquelas preocupações de lado...

segunda-feira, setembro 18, 2006

Ver o dia clarear



Quero ver o dia clarear,
Imaginando o teu despertar.
Acordas com um sorriso no rosto,
Radioso como o sol de Agosto
E cintilante como uma estrela.
Quando te levantas, caminhas em passos
De lã...
Em segundos escassos,
Fazes da manhã
Uma fantasia,
Ao acordar pensei
Ter a tua companhia,
Mas foi apenas uma ilusão.
Ou uma partida
Desta solidão.

Ao ver o dia clarear,
Imagino-me do teu lado.
Poder presenciar
Um sorriso bem rasgado
Logo pela manhã.
Tão bom poder começar assim o dia.
Eu, tu e a tua alegria
Que tanto me contagia.
Um momento assim contigo é divino.
Não sei se o destino
Me vai apoiar,
Mas eu vou tentar
Viver um dia como este que imaginei.

Ao ver o dia clarear
Penso em ti
E pergunto-me
Por que não estás aqui?
Já há muito que a tua presença
Por mim é aguardada,
Mas não vejo a tua chegada.
É tanta a diferença
Que noto em todas as manhãs
Quando imagino-te comigo,
E quando me contradigo,
Por realmente não estar contigo.

Vejo o dia clarear
Vendo-te a acordar.
Mesmo estando só a fingir,
Sou capaz de ouvir
A tua respiração.
Sei que não sou eu
Que devo tomar essa decisão,
Mas por favor, pensa na nossa reconciliação.

Vejo o dia clarear
E penso em lutar.
Achas que devo?
Eu só escrevo
Este poema
Para te dizer
Que vou lutar por ti.
Somente, por ti...

quinta-feira, setembro 07, 2006

Sonhei




Sonhei,
Que era um gatinho
E tu pegaste em mim
E fizeste-me um carinho.
Aconchegado no teu colo,
Ouvia o bater do teu coração.
A cada pulsação
Desejava que fosse eu a razão
Por ele bater com essa intensidade,
Mas não confiava nessa probalidade.

No teu colo sentia-me tão bem,
Era tão caloroso,
Um lugar precioso.
Só que quando acordei não vi ninguém,
Pena que já tinhas ido embora.
Esse gato dentro de mim chora,
Porque sente falta daquele conforto.

Quando pegaste em mim,
Olhaste-me nos olhos,
Fiquei envolvido por uma luz
Tão pura,
Para o paraíso me conduz
Por estar cheia de ternura.
Ao passares a mão por mim,
Eu parecia um gato tão mimado
Por miar calmamente,
Como se fosse uma melodia,
Suave e calma.

Fizeste companhia
Àquele gatinho
Que passava cada dia
Sempre, mas sempre sozinho.
Deste-lhe aquilo que ele mais precisava,
Que era um pouco de carinho.
Abrigaste-o no teu ninho,
De onde não queria sair.
Foi pena, mas tive de ir
Porque o sonho acabou,
E eu acordei...
Mesmo já não sendo aquele gato,
Preciso de ti.
Gritei teu nome,
Mas não te ouvi...

Preciso do carinho
Que deste àquele gatinho,
Que andava perdido
Até te ter encontrado.
Desde aí ficou sempre do teu lado.
«Tens alguma solução?».
Por favor, dá-me um pouco de atenção.
Parece que sonhei
Com cada verso que escrevi,
Mas acredita, adoro estar perto de ti.

segunda-feira, setembro 04, 2006





Avó,
Por que me deixaste
No meio desta solidão?
Onde agora és apenas
Uma recordação.
Claro que és mais do que isso,
Mas choro quando me lembro disso.
Partiste na longa viagem,
Deixando apenas ficar a tua imagem.
A imagem que marca a minha vida,
Mesmo sabendo da tua partida.
São nos momentos em que estou triste,
Que a minha solidão é possuída
Pela tua imagem, a de uma sábia avó.
Além de sábia,
Eras carinhosa,
Essa ternura parecia
A de uma mãe.
Tratavas sempre bem
Os teus netos,
Guiando-nos sempre
Pelos caminhos mais certos.
Desde que saíste de perto de nós,
Nos sentimos tão sós.
Eu encontro-te em cada verso,
Em que misteriosamente contigo converso.
O tom da sua voz
É que ligeiramente mingua,
Fazendo-me sentir falta da tua
Doce pessoa.
Dando-me a entender
Que calmamente de mim se afasta,
Ficando outra vez sozinho.
Adorava poder ter,
Nesta dor que me arrasta,
Ter de novo o teu carinho.
Nos tempos de meninice
Não havia vestígios de mesmice,
Porque habitava o teu terno Mundo,
Abrigando-me dos perigos que corria.
Vivia assim cada dia,
Rodeado de afecto, de amor
E de muitos miminhos.
Não eras dada a minúcias,
Já que nos enchias
Sempre de afecto e de amor.
Não davas nada pela metade,
Já sabias a quantidade
De que precisavas para nos sentirmos bem.
Avó, com lágrimas nos olhos eu te peço:
- Dá-me tudo outra vez.
Leva-me para teu Mundo.
Deixa-me sentir o que sentia...
Mas por favor, não me deixes sozinho.
Preciso de carinho.