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terça-feira, janeiro 30, 2007

Voa poesia


Voa poesia,
Como se fosses uma pomba.
És livre,
Por isso voa.
Sobe ao céu
E espalha por cada pessoa
Um pouco da tua magia.
Não significas
Propriamente «fantasia»,
Mas serve-te dela
Para dares ao Mundo alegria.

Voa sem receio,
Porque eu quando leio
Voo também
Em conformidade contigo.
Sê o abrigo
Daquele esquecido ser.
Daquele mendigo
Que não tem culpa de o ser.
Num momento chocante
Me fizeste conhecê-lo.
(Ele ao cair
Bruscamente no chão,
Fez tremer meu coração.
As pessoas passavam,
Para ele olhavam
E disparatadamente sorriam).
- Como alguém pôde sorrir
Com aquela situação?
Mas eu ajudei-te a levantar,
Comigo pudeste contar!
A tua «miserável pessoa»
Tem prestigio neste poema,
Porque ganhaste o meu respeito.

Poesia,
Voa pra toda a gente.
Não distingas ninguém,
Porque ficarás abrigada
No coração que te sente!
És uma força Universal,
Para mim és Vital.

Voa poesia,
Voa por mim
Porque assim sei
Que sempre terei
Uma companhia.

Voa poesia,
Para devolveres singularidade
A este Universo.
Tens a capacidade
De mudar tudo,
Conduzindo cada alma
A um longínquo regresso.

Voa poesia,
Voa porque te peço…

sábado, janeiro 27, 2007

Viva a vida



«Viva a vida»,
Mas não impeça
Um bebé de a viver.
Ele também tem o privilégio
De nascer.
Você passou
Pelo mesmo.
Na barriga da sua mãe
Desenvolveu as capacidades
Para se integrar
Neste Mundo
Que mata um ser
E acha que tem o direito
De o fazer.
- Mas isto não é um crime?

O ser já formado
Na barriga da sua mãe
É cruelmente assassinado.
Como ela pôde ter coragem
Para isso,
Saindo ele morto?
O correcto é ela dar a vida,
Não a tirar
Por pensar que está
A resolver um problema.
Na realidade esta maligna atitude gere
Ainda um maior.

- Admiro tanto o elo de ligação
De uma mãe
Com o seu rebento,
Com o seu filho.
Esta é a única união
Onde existe um sincero sentimento.

O mesmo coração que bate em ti,
Bate também no ser
Que está dentro de si.
Se o impede de bater
É o mesmo que impedir
Você mesma de viver.
Com alguns traumas vai ficar,
Será que vale a pena arriscar?
Não existe resposta para esta pergunta,
Porque o «aborto» é um veneno letal.
A vida é bela,
Não elimine a célula
Que você fecundou.

Toda a gente diz:
«Que a morte não é a solução»,
Por isso não me mates,
Ouve a minha respiração!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Não minto


Da mesma maneira
Que escrevi todos
Os poemas que já saíram
Deste solitário ser,
Escrevo mais este.
Mas pretendo pôr
Qualquer coisa diferente neste,
Verso por verso,
Eu deixo transparecer a verdade.
Tenho-a sempre presente
Em cada movimento do lápis.
De dentro do meu alvéolo,
Meu coração,
Sai com exactidão
O sentimento mais puro.

Não minto às palavras,
Deixo sempre meu frágil âmago
Falar por si.
Nunca menti
E jamais mentirei
Em cada poema que escreverei,
O meu «eu»
Nem existiria
Se a mentira sobressaísse
Pela vez do meu amor.
Este principio imutável,
Conduz a minha vida de escritor.
As letras libertam
A imunização
Livrando-me da solidão.

Não te minto «Poesia»,
Tendo uma relação
Mais próxima contigo,
Muito mais íntima...
Esta intimidade
Faz-me sentir saudade,
Quando não tenho tempo
Para escrever.
Até ao meu último dia
Sentirei o mesmo que sinto.
Será igual o gosto
Que tenho em te ouvir.
- Prometes que não me vais fugir?

Não minto
Porque te sinto.
Não minto
Porque preciso de ti.
Poesia,
Por favor, fica aqui!