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sábado, abril 29, 2006

"Desenho teu corpo"



Numa linda tarde,
Exactamente num fim de tarde,
Onde o sol já não arde
Com tanta intensidade,
Dois jovens decidiram
Assistir ao pôr-do-sol
À beira-mar.
Atentamente, seguiram
O sol, até ele pôr-se.
Ficaram a olhar
Um para o outro,
Até que ele toca
Delicadamente no seu rosto.
Parece que sufoca,
A sua dúvida
Acerca do momento ali proposto.
Com a mesma delicadeza,
A beija à luz do luar.
Beija-a com firmeza,
Para ela não hesitar,
Fazendo-a sentir-se segura.
Sua língua a dela procura,
Quando se tocam,
Calores provocam...
Eles se abraçam,
Várias horas passam,
Mas os lábios unidos continuam.
Muito tempo demorou...
Até que ele a abraçou,
E ela também...
Ali não se via mais ninguém,
Os dois ali
Sozinhos, estão tão bem...
Ele beija-a outra vez,
Só que desta vez
Deita-a naquela areia tão fina.
O corpo dela de uma certa forma assina
Nela os traços do seu corpo airoso.
Ela ali deitada,
Sua face por ele é acariciada...
Momento tão gostoso...
Ela levanta-se e caminha
Em direcção ao mar.
Mergulha, e quando vem à superfície,
Está nua...
Naquele corpo quero tocar,
Entro na água e fico
De frente para ela.
Vejo nela,
Uma certa provocação,
Por causa da sua respiração.
Cada gota percorre
Aquele corpo.
Por ele cada gota escorre,
Pelos seus seios,
Até à água.
Seios perfeitos,
Corpo sem defeitos.
Aproximo-me daquele corpo,
Não para o possuir,
Mas apenas para o sentir...

Desenho teu corpo neste poema,
Onde o posso olhar.
Cada traço
Posso observar,
Quando o abraço
Só queria continuar,
Mas dele não vou abusar.

quarta-feira, abril 26, 2006

"Tempo"

Tempo,
Por que passas?
A vida de uma tal
Maneira abraças.
Que tudo muda coma a tua presença.
Pelos vistos é tão extensa
A tua existência.
Tens uma tremenda influência
No ciclo da vida,
Que nem se dá falta da tua partida.

Tempo,
Envelheces
O mundo,
Mas o rejuvenesces
Segundo a segundo.
Apesar disso,
Sinto uma angústia
Com a tua passagem,
Porque modificas a paisagem
Com novas pessoas.
E foram tantas
Aquelas que por tua causa
Para trás ficaram.
Não me dás uma pausa,
E aqueles momentos
Infelizmente já passaram.

(Restam-me apenas lembranças,
Meras recordações,
Que tu, teimas em dissipá-las
Do meu pensamento.
Não sei as razões,
Mas queres apagá-las,
Apagando também este sentimento?
Será que fazes isso,
Para o meu bem?
Cada vez que penso nisso,
Percebo que me deixas aquele alguém).

Tempo,
Até os animais
Sofrem com a tua passagem.
Não são desiguais,
À tua existência.
Ela não dispensa,
Fazer uso da tal influência,
Envelhecendo cada ser vivo.
Penso que és um tanto agressivo,
Impedindo cada ser
De viver
Livremente...

Tempo,
(Agora com 17 anos,
Vejo a rapidez
Com que passas.
Lamento os enganos,
Sem sensatez
Das mentiras tão escassas.
Sei o quanto iníquo
Podes ser para nós.
São nos momentos
Em que estamos sós,
Que nos mostram
Como é contínuo
O teu ritmo).

«Ó tempo,
Não passes a correr,
Passa antes devagar.
Não passes, por passar,
Deixa-me viver.»

Tempo,
Por que passas?

sábado, abril 22, 2006

"Precisas de sorrir"



Poetiza,
Por que estás triste?
Inexplicavelmente partiste,
Deixaste o teu mundo de alegria.
Agora, nessa tristeza vazia,
Escondes-te pró mundo.
Noto que é profundo,
Cada desabafo teu.
Um castelo de solidão
Se ergueu,
Nesse sofrimento
Que se esconde da minha visão.
O teu afastamento,
Tece uma teia sólida,
Que me prende,
Não me deixa chegar a ti.

Mas não desisto,
Em vez disso persisto.
Tento trespassar,
Essa teia que a tua dor tece.
Com a ideia de a ultrapassar,
Um sorriso aparece,
E dá forças, para não me render,
Podendo-a romper.

Mesmo assim,
Ainda não cheguei a ti.
Mas com a missão eu vim,
De te levar daí
E trazer para aqui,
O teu verdadeiro ser.
Nem que tenha de redizer,
Cada verso aqui expresso.
Calmamente atravesso,
Toda essa nuvem cinzenta,
Chegando ao teu refugio escondido.
Pena que fui devolvido,
Ao ponto de partida.
É tão vaga essa ferida.

Chego ao centro
Daquilo que te entristece.
Por estar dentro
Pela primeira vez,
Algo em ti me obedece
E vejo um sorriso
Ligeiramente embaciado,
Por recentemente teres chorado.
Fico um pouco animado,
Pareceu-me um sinal,
Levantando o teu astral.

Apesar de tudo,
Não foi o suficiente,
Em ti está presente
O grito mudo
Que tenta afastar de ti
Esse descontentamento.
Sofro com o teu sofrimento!

Escrevo isto apenas pra te dizer,
Que jamais estarás sozinha.
Tens a minha
Companhia para sempre.
A amizade que aqui está presente,
Tens o fruto disso,
Aqui bem à tua frente.
Espero que sirva de conforto,
Este poema...

quinta-feira, abril 20, 2006

"O silêncio da solidão"


Parece que são milhares
As pessoas que vivem sozinhas.
São assim vizinhas
Da própria solidão.
Idosos isolados,
Em lugares
Absolutamente desertos.
Estão apenas rodeados,
Por pensamentos incertos.

As tais recordações,
São responsáveis por essas lágrimas.
Despertam contradições,
Em relação aos pensamentos dissipados,
Pelo murmúrio do silêncio da solidão.
Assim são largados,
Constantemente os tais medos.
Transformando-se em segredos,
Os dias que passam sem ver ninguém.

«Dizem que a solidão não faz bem,
Mas eu prefiro estar só.
O mundo está tão violento,
Encontrar um lugar seguro
Eu nem tento.
Encontro o que procuro,
Na voz de cada sentimento,
Expresso nas folhas de papel.
Sigo-o como se fosse um cordel,
Onde subo, e chego à harmonia,
Porque este sentimento é a minha companhia.»

O silêncio comunica
Com a solidão,
Mas ela não abdica
Da sua posição.
Emerge por entre as brisas,
Fundindo-se com elas
No momento em que estás só.
Acorda a agonia
Que se faz sentir,
Deixando sair
A vontade de partir.

sábado, abril 15, 2006

"Confesso-te..."



Confesso-te que foram algumas
As vezes em que me imaginei
A tocar na tua pele.
Mas em nenhumas
Eu disso abusei.
Respeito-te tanto,
Sei que sabes o quanto.

Apesar de nunca
Lhe ter tocado,
Sinto a sua suavidade.
Quando estou do teu lado,
Aparece a tal vontade.
Mas não o faço,
E sabes porquê.
Parecendo estar à sua mercê,
Mesmo quando a abafo.

(Dentro do portão,
É outro ambiente.
A tensão
Ali presente,
Faz-me imaginar
Que te estou a beijar.

Beijo,
Sem desejo,
Aconchegando-se no amor.
Daí é que vem a razão,
Para ter aquele sabor.
Sei que não é uma ilusão,
Porque ele é a iniciativa
De um presumível namoro.
A sua visão
Me cativa,
Porque não o ignoro.)

(A tua maneira de sorrir,
Por vezes, chega-me a iludir,
Quem me dera poder saber
O que estarás a sentir
Naquele momento.
Não sei o que tenho de fazer
Para o descobrir.
Quem me dera que um novo sentimento,
Daí pudesse surgir.

A amizade é o sentimento
Mais importante,
Mas diante
Daquele momento,
Contigo, só penso em te amar.

Jamais te riria enganar!
Damo-nos tão bem,
Por isso, que mal tem?
«Um dia responde-me, por favor...
É teu este amor.»

Sim, é amor
Aquilo que sinto por ti.
Tens tempo para lhe dares valor,
Porque ele estará sempre aqui,
Dentro do meu coração.
Mas que confissão!)

(Espera por uma chance,
Sem um previsível alcance.
Agora sei porque me toca tanto,
A doçura do brilho do teu sorriso.
Tanto, quanto
Eu dele preciso.

É mais do que uma necessidade,
O facto de te querer ver
Quase sempre.
«Isto aqui é verdade!»
O facto de ela às vezes não poder,
Imagino-a à minha frente.

Nessa minha imaginação,
Torna-se mais fácil a nossa relação.
Já não somos crianças,
E mesmo sem esperanças
Vindas da tua parte,
Eu esperarei...
Dia e noite, contigo estarei,
Se sonhar fosse uma Arte,
Seria o artista mais feliz
Do mundo.
Sendo correspondido
Este sentimento profundo.)


(Sentado nas escadas
Pela primeira vez eu estava.
A cada segundo te olhava,
Frequentemente te fixava.
No teu olhar
Sentia algo a me chamar.
Mas ainda não sei o que é.
Parecido a um mar sem maré,
Onde pelas águas caminhávamos,
Juntos ali estávamos,
E ficávamos.)

É isto que vejo
Quando fixo teus olhos.

Além do beijo,
De amor
Que não roubarei.
Dou muito valor,
A isto que imaginei.

Confesso-te sem receio,
Enquanto este poema releio...
O que achas desta confissão,
Responde-me sem nenhuma hesitação...

"Tua presença"



Mais um dia contigo passei,
Mais um dia onde contigo conversei.
Do teu lado outra vez estava,
Os outros dias contigo
Eu ali recordava.
Mesmo sendo apenas teu amigo,
Tenho tendência a precisar
Da tua voz
Para me acalmar.

Sinto que abafo um sentimento,
Mas qual será?
Como meu coração se sentirá
Nesse momento?
Chego a sentir
Um forte aperto.
Não me quero iludir,
Só que decerto
Já é tarde demais
Para voltar atrás.
Mas também não quero que vás,
Porque dentro de mim
Já estás.
Agora vou vivendo assim,
Com este corpo estranho
Percorrendo meu coração.
Não sei qual é o tamanho
Deste novo sentimento.

(Cá fora recordo
Os outros dias.
Faço isso também quando acordo.
Mesmo que as manhãs fossem frias,
O teu sorriso me aqueceria,
Sozinho, também não me sentiria
Se presenciasses o meu despertar,
Que de ti não pára de falar.

Demorou apenas um instante,
Até que já estava perante
A tua graciosa companhia.
Neste dia,
Não queria que acontecesse mais nada,
Atém de ficares ali,
E eu perto de ti.)

Mas o tempo nunca quer
Isso, e foi contigo comprar o pão.
Nem sequer
Me deixa desfrutar da tua presença.
Em cada dia noto a diferença
Que há entre ti,

E a outra Juliana
Que pensei conhecer.
Desde Domingo que percebi
Que a verdadeira não me engana.
E esse dia, jamais hei-de esquecer.

O caminho até à padaria
Não é assim tão longo,
Mas parece que
Demoramos mais a chegar.
Talvez por causa do desenrolar
De cada conversa.
A tua alegria, é que se dispersa
Por entre elas.
Vejo nelas,
Pedaços do teu interior.
Onde reside o teu verdadeiro valor.)

(Da padaria à tua casa
Tudo repete-se.
O tempo mete-se
Entre nós os dois,
E fico longe de ti, depois
Dessa sua intromissão.
Será que haverá alguma solução?

Já era a hora
Da despedida.
Só me apetecia dizer:
«Fica, por favor, não te vás embora!»
A cada partida,
Tenho mais vontade de te rever.
Um dia vou-te pedir,
Pra que fiques,
Pra que o tempo possa sentir,
Que ele não te pode obrigar
A partir.)

«A tua presença
Senti outra vez.
Parece que és
Do jeito que imaginei,
Quando num sonho te encontrei.
Esse sonho hoje recordei,
Porque o imaginei...»

"Bom dia"




É tão bom desejar
Um bom dia
A uma pessoa.
Desejar que comece
Bem o seu novo dia.

Apesar de ser
Um dia normal,
Sabemos que será especial
Porque alguém o desejou.
De uma certa forma
Aquele desejo
Esse dia mudou.

É um bom sinal
Poder desejar
Um «bom dia»,
Porque não será exactamente igual,
Já que o fazemos
Porque estamos vivos.
E esse dia vivemos,
Sempre de uma maneira diferente.
Fico simplesmente contente,
Quando eu digo «bom dia»
E alguém retribui
Dizendo-me também...

Acordar bem cedo,
E ver tudo a despertar,
É uma sensação tão boa.
Logo pela manhã
O cantarolar
Dos pássaros, tão bem que nos soa.
Não sabemos se amanhã
Ainda estaremos cá,
Mas o dia tão lindo está.
Dele devemos desfrutar,
Esquecendo que isso um dia há-de acabar.

Num dia
Onde o sol está radioso,
Faço dele o esboço
Daquela harmonia,
Entre os desígnios
De cada coisa que desperta,
Apesar de a vida ser tão incerta.

Na serenidade de cada manhã,
O dia não é tão pernicioso.
Visto que, acabou de se esganiçar,
Através da relutância
Desse conceito contristoso.

Na minha infância,
As manhãs libertavam
Uma certa pureza,
Sendo numa aldeia.
Parece que deixavam
O sol sugar as brisas,
Fazendo resplandecer
As primeiras horas, ao amanhecer.

O meu avô sempre dizia:
“Bom dia
Dia...”

«Bom dia Poetiza»

quinta-feira, abril 13, 2006

"Um dia"



Passou apenas um dia,
E tive de novo a tua companhia.
Tive ontem e hoje contigo,
É bom ser teu amigo.
Vejo um outro universo
Quando estás comigo.
Cada verso
Que escrevo,
Percebo
Que não estou só.
Um pedaço
De ti, está dentro de mim.

Sigo cada passo
Teu, com uma certa atenção.
Sendo fruto da dedicação
Que tenho, tendo em conta
Essa dócil personalidade.
Mesmo que tentes passar por forte,
Haverá sempre vestígios
Da sensibilidade
Que completa o teu existir.
Não tenhas receio em admitir
Que não és o que pareces ser,
Porque acabas sempre por sofrer.

(Enquanto estava eu
Em casa à espera,
Pedia ao tempo para passar.
Cada hora não desespera,
Porque queria-me enganar,
Só que a minha vontade era maior.
Seja como for,
Estaria outra vez do teu lado.
Na cama deitei-me a relembrar,
Porque lá parecias estar.
Depois de me ter deitado,
O sono estava-me a tentar.
De repente ouço o telemóvel a tocar,
E li a mensagem que dizia
Que outra vez, encontrar-te-ia...

Já estou cá fora
E espero por ti,
Finalmente chegou a hora...
Olhei, e quando te vi,
Na tua roupa reparei,
Essa roupa adorei.
Porque cada traço
Do teu corpo observei,
Mais uma vez o admirei.)


(A cada passo te aproximavas,
Algo em mim libertavas.
Agora já estás
Outra vez à minha beira.
Não será a última, nem foi a primeira,
Porque sei que outra vez estarás
À minha frente,
Disso eu estou ciente.

Lá íamos nós em direcção
À padaria,
A conversa o seu percurso seguia,
Cada palavra minha
Do meu coração saía.
Ao fazer-te sorrir,
Chego a sentir
Um sentimento especial.
Sei que isto não é normal,
Mas tu também és diferente.
Quando estás presente,
A minha solidão,
Sinto-a ausente.
E tu ocupas meu coração.)

(À padaria chegámos,
Para mal meu
Hoje o pão já estava pronto.
Compraste e viemos embora,
Sabia que chegaria a hora
Do tal adeus.
«Só peço a Deus
Pra que me deixe repetir.
Contigo outra vez queria sair.»

De volta à tua casa falávamos,
Lado a lado, conversávamos.
Sorrisos surgiam,
Nas nossas trocas de olhares
Se perdiam.
Se por acaso este momento recordares,
Podes notar a intensidade
Do brilho dos olhos meus,
Quando a luz dos teus
Invadia o meu ser.
É por causa disso,
Que a minha poesia
Está a florescer.)

(O pão em casa deixaste,
E fomos em direcção
À tua escola.
Abrias cada recordação,
Porque fazia esse percurso agora contigo.
Durante 5 anos lá andei,
Contigo lá entrei.
Imaginei,
Como seria se ainda andasse lá.
Assim podias ir comigo.
No trajecto ainda está,
A tua inconfundível presença.

Viemos da escola a conversar,
Evitava pensar
Que desta vez me irias deixar.
Quando chegámos à passadeira,
Percebi o quanto estavas à beira
Da tua memorável casa.
O tempo é que nunca se atrasa.)

(Chegaste a casa,
No ar fica sempre um sorriso,
Porque despedes-te sempre
Com um no rosto.
Ocupa cada canto do paraíso,
E permanecerá lá sempre.
Recordo-o com gosto,
Em cada ângulo oposto.

Sinto sempre o peso da tua ausência,
A cada vez que entras em casa.
Deve ser a inocência
Dessa luz,
Que ma faz sentir.
Parece que me conduz,
Ao lugar
De onde jamais poderás sair.
Quero-te lá encontrar,
Quando alguém me ferir.)

Mais um dia contigo,
Farei de cada um
O meu abrigo,
Para me libertar
Da minha solidão.
Agradeço-te é a inspiração.
E sempre me irei inspirar em ti.
«Deixa-te estar aí.»

quarta-feira, abril 12, 2006

"Repetição"

Repete-se a tarde,
Com aquela rapariga.
O que mais me intriga,
É ter a sensação
Que o tempo passa
A correr, quando estou contigo.
Mas perco a noção
Do tempo, quando olho para ti.
Na foto várias vezes te vi,
Enquanto este poema escrevia.
Tua voz também ouvia.

Tens uma voz
Que entra mesmo no meu ouvido.
Quando estamos sós,
O som fica retido
Na minha mente.
Até meu coração a sente.

(Sais do portão,
E lá vem a tal sensação,
Que tenho cada vez que te vejo.
Acho que sei qual é a razão
Da sua frequente visita,
Onde ela não hesita
Em fazer-me ver
Que eu queria ter
A chance de te mostrar
O sentimento puro
Que conseguiu entrar
Neste meu coração.

Lá íamos nós pela rua,
E lá estava a presença tua.
Faz-me tão bem a tua companhia,
É a essência da minha alegria.
Palavras se encontravam,
Quem sabe, sentimentos se tocavam.
Sabe-se lá o que despertavam.)

(Lá estávamos na padaria,
Imaginava o que aconteceria.
Ainda bem que não havia pão,
Porque ficamos cá fora a conversar.
Sentaste-te, e eu fiquei
A olhar-te,
A cada olhar, admirar-te.
Tantas, foram as vezes que encontrei,
Um sorriso, e o guardei.

Gosto muito das nossas conversas,
Têm sempre expressões

Muito plausíveis.
Tenho tantas razões,
Para querer repetir.
Não são tão previsíveis,
As tais contradições.
O que me faz sentir,
Uma certa aproximação.
Isso é muito bom,
Nesta nossa relação.)

(Foram algumas as vezes
Em que fomos ver
Se já estava pronto o pão,
Algo dizia «não».
Deixava-me muito contente,
A sua demora.
Tive-te ali à minha frente,
Mais do que meia hora.
Pude todo esse tempo para ti olhar,
Mas sinceramente,
Eu jamais me irei cansar
De te apreciar.

Não me canso,
Porque até descanso.
Esquecendo-me da minha rotina,
Onde a tua pureza assina
A calma que me transmite.
Desta forma omite,
O caminho que me leva
De volta à realidade.
Expressa-se através
Dum passo calmo
A tua sensualidade.
Perfeita tu és,
E serás.
Dentro de mim continuarás.)

Foi a repetição
Da tua companhia,
Mas não
Do dia.
Porque quando estou contigo,
Acontece sempre coisas diferentes,
É bom ver-nos ali contentes,
Sempre sorridentes.

«Termino assim este poema,
Mas não é bem uma conclusão,
Porque fica alguma coisa a mais
Dentro do meu coração.
Esquecer estes dias, jamais.
Termino mesmo agora,
Mas, por favor, não vás embora.»

terça-feira, abril 11, 2006

" Tirar uma vida "




O homem,
Como pode ser capaz
De tirar uma vida
A um ser semelhante?
Alega-se fundador da paz,
Mesmo contribuindo para a partida
Dessa alma, nesse tal instante.

Acha-se mais que o seu semelhante,
Ao ponto de cravar
Uma estaca no teu coração.
Mata uma pessoa,
Como se estivesse
A cometer um acto digno...
Sendo a prova,
De que está acima da lei cristã.
Mas estará mesmo?...

Tira essa vida,
Fazendo da ferida
Um método de ameaça.
Só que, por vezes, são centenas
As almas que nessa desgraça,
Deixam este mundo e partem.
Se o homem não tem o direito
De tirar uma vida,
Como pode tirar vidas aos milhares?
Foi a revelação desse feito,
Que me fez perguntar:
- «Que crime pode merecer
Uma sentença mais severa
A não ser esse?»

Nem as criança,
Por serem a luz
De cada geração,
Conseguem sobreviver
A este massacre sem explicação.
Se não as deixam viver,
Será que haverá alguma renovação?
Mas será que alguém
Por acaso, se deu conta
Que são apenas criança?
Cada um de nós, provém
Da mesma semente,
Independentemente
Da glória que obtém.

Nenhum motivo justifica,
Esta saudade que fica
Com a partida desse ser.
Não foi certo o que decidiste fazer,
Porque mataste o irmão,
O pai,
Ou a mãe,
Dessa família.
Uma família como a tua,
Que perdeu um ente querido.
Por acaso, sabes o que provoca,
O acto de tirar uma vida
Nas pessoas que choram
Aquela partida?

«Sinto que aqueles seres
Que matam pessoas,
Não têm coração.
Se alguém condenar
Esta minha afirmação,
Então, que responda
Às diversas perguntas
Que fiz ao longo do poema»

segunda-feira, abril 10, 2006

" Esta tarde "

Esta tarde
Aconteceu algo inesperado.
Algo que nem sequer foi pensado,
Nem tão pouco imaginado.
Mas o importante foi que aconteceu,
Pena que o tempo isso não se prendeu.
Vocês querem saber,
Aquilo que eu jamais
Poderia prever?
Querem mesmo?
Está bem eu conto...

(Estava eu em casa sozinho,
Aconchegado no meu ninho,
Quando de repente me chegou
Ao coração, a lembrança numa saudade.
Ela se apegou
A ele de uma tal forma,
Que espantou aquela tranquilidade.
Me fez dar um toque
À pessoa daquela lembrança.
Espero que assim se sufoque,
A vontade que em mim descansa.

Só que a vontade de a ver
Parece que é mais forte,
E envio-lhe também uma mensagem,
Mas com a sua imagem
Dentro do interesse
De dar a entender
Que queria conversar
Pessoalmente com ela.
Não podia adivinhar
Que ela fosse aceitar.

Mandou-me uma mensagem,
A perguntar se eu podia aparecer
No portão de sua casa.
Tentava encaixa-la numa paisagem,
Enquanto me preparava para ir ter
Ao tal portão.
Saí de casa
Mortinho por a rever,
Mas não
Pensei no que iria dizer.)

(Agora assim à tua frente...
Fiquei mesmo sem palavras
Quando cruzamos nossos olhares.
Estou muito contente,
E espero que me abras
Uma outra chance.
Cada vez que olho para ti,
As palavras surgem do nada.
É tão bom estar aqui,
Porque estás aí.

Senti-me tão bem
Ao vê-la naquele instante.
Mas que ser tão deslumbrante,
Aquele olhar algo diferente contem.
Observa-a depois desse tempo
Em que estivemos sem falar.
«Sempre assim eu queria estar.»

Foi mesmo sem contar,
Convidas-me a entrar.
Fico espantado,
Sendo algo tão inesperado.
Sentas-te nas escadas,
E eu fico de pé.
As frases mais chegadas,
Surgem, surgem neste momento.
Misturam-se com um sentimento...
Qual? A amizade talvez...
Ali me vês,
De pé. E eu vejo-te sentada.
Cada palavra que é dita por ti,
Fica gravada
Mas não é aqui.

Contigo falava,
No contexto te olhava,
Onde atentamente observava
Cada gesto teu.
Deixava a luz
Do teu sorriso
Iluminar a minha alma.
É incrível, mas ela me conduz
A uma outra dimensão,
Onde lentamente me acalma.

Foram diversos
Os temas de que falamos.
Opiniões adversas
E outras semelhantes,
Foram aquelas a que chegamos.
Muito bom, quando fazia-te sorrir,
Muitas mais vezes isso quero repetir.
O teu sorriso,
É como o desabrochar de uma rosa.
Que rapariga tão formosa,
Porque tudo em ti eu valorizo.)

Sei que precisaria,
De muito papel
Para transcrever
Esse momento contigo.
Seria sempre fiel
Ao acontecimento que não quero esquecer.
Não vejas isto como o final
Deste poema,
Porque guardarei
O resto, para recordar.
Nem sei se te encontrarei
Num sonho meu,
Onde verei de novo esse rosto teu...
Agradeço-te por esta tarde...

quarta-feira, abril 05, 2006

" Por que mudaste"


Tantas vezes faço esta pergunta,

Mas quando olho para ti,

Lembro-me daquele dia que te conheci.

Vejo agora um outro ser,

Como é que deixaste isto acontecer?



O tempo passa,

E ainda não obtive

Nenhuma resposta.

Dentro de ti, agora vive

Um outro «eu».

Por que é que isto aconteceu?



(Aquela tua sensibilidade,

Que completava a tua

Doce personalidade,

Infelizmente desapareceu.

O culpado não sei se fui eu,

Porque bastou ausentar-me

Durante este tempo,

Para encontrar-te

Assim, neste estado.

Quem me dera

Que esse tempo não tivesse passado.)



(Aquela tua inocência,

Que desenhava o teu caminhar,

Deu origem a essa rebeldia

Que modificou

Por completo o teu andar.

Onde por ele estende-se

Uma nuvem cinzenta.

Aí, a neblina

Alimenta,

Essa mudança tão repentina.)



(Aquele teu olhar meigo,

Que explorava cada ponto vital

Deste corpo que te deseja,

Transformou-se numa

Rebelde expressão.

Nela existe alguma

Coisa, que magoa meu coração.)




(Aquele teu jeito inocente,

Que me deixava tão carente,

Agora não existe.

Se me vês triste,

É porque aquela simples alma

Já não vejo em ti.)



Pergunto ao tempo,

Pergunto ao Presente,

Pergunto aos meses que passaram,

Pergunto às horas

Em que estive fora,

Mas elas também se calaram.

Mas afinal, por que mudaste?

sábado, abril 01, 2006

A relação do homem com a Natureza, como é?

Havia muitos espaços verdejantes outrora, o ar era límpido, puro, genuíno. Os animais eram livres, não precisavam de ficar sem a pele, para satisfazer esses caprichos incessantes do Homem.
A harmonia, era aquilo que o vento transportava por entre as planícies, onde se perdia, ou se espalhava pela superfície das colinas.
Todo o mundo estava coberto por um manto, sem vestígios de casas, estradas, ou a poluição em forma de som. Onde o som, magoa e racha as árvores. Racha-as, muito bruscamente.
Os combustíveis, poluem o ar. A nossa fonte de vida, a nossa pura energia, que é o oxigénio. E também, têm um impacto fundamental, em relação ao clima. Por causa deles, e não só, os Verões são mais quentes, o que afecta a singela Natureza. Parece que, o homem aproveita-se dessa situação, para arrasar com as florestas, montes, através do fogo. Trazendo o inferno para este Mundo. Onde o fogo, ganha vida. Onde a sua alma desbasta hectares vastíssimos de árvores, alguns animais também adormecem quando ele passa. E lá permanecem completamente carbonizados.
- Eu bem sei que isto é horrendo, como se fosse um filme de terror. Sim, sinceramente eu acho que o Mundo se assemelha a uma filme de terror. Só é pena que as vítimas aqui morrem de verdade.
Mas voltando aos animais, que habitualmente morrem pisados por uma automóvel.
- Eu até me atrevo a perguntar:
«Isto no passado acontecia?» – respondendo por vocês: - «claro que não».
Pena que o homem, tem sempre a intenção de ir perturbar, destruir por completo o habitat de cada animal.
- Eu pergunto novamente:
«Que culpa têm os animais disso... de serem perturbados?»
Não têm nenhuma culpa, por isso, morrem como inocentes.
Um homem mata outra homem, e é logo, ou devia ser preso. Mas muitos matam inúmeros animais, e não vão presos. Mas porquê?
Só por não serem considerados como gente? O que quer dizer exactamente esta palavra (gente), visto que, nem o homem o é?
Lamento mas não sei.
Depois de tudo isto que escrevi, a relação do homem com a Natureza. Não é nada amigável.
Acho que o homem se anda a esquecer, que a Natureza não precisa dele para viver, mas ele sim. E se isto continuar assim, eu já sei qual será o seu fim. “E vocês sabem?”