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quinta-feira, maio 25, 2006

"Uma curta passagem"

Tão curta é,
Que nem sequer
Chegamos a desfrutar
Devidamente do espaço que nos rodeia.
Sei que vivemos cada dia,
Sem pensarmos
Na curta passagem
Que é a vida.

Simplesmente desfrutamos de cada dia,
Como se fosse o último.
Talvez por obstinação
Do destino,
Ainda acabamos por viver
Durante mais um tempo.
Com isso viramos a presa,
Da própria morte.
Mesmo não sendo licito
Esse rompimento
Com os outros mortais.

(A vida consegue obsequiar
A mãe com outro ser,
Mas mesmo assim,
Ela vai sempre obstar,
Mostrando que este não conseguiu
Substituir o outro filho que partiu.
Foi num tempo ocasional,
Que apoderou-se dele aquele mal).

A nossa estadia neste mundo,
É mesmo uma curta passagem
Que oculta o dia do nosso fim.
Deixando-nos viver
Como prisioneiros
De uma doença sem cura.
Sem que alguém possa
Desvendar quando será o dia exacto
Para partirmos.
Deixarmos de caminhar secretamente,
Pela libertação de cada alma.

«A vida pode ser mesmo curta,
Por isso, preocupa-te mais
Em preservar a união
Entre cada povo;
Em salvaguardar a vida do próximo,
Do que passares os dias
A tecer o teu império.»

Como a vida é curta,
Ainda partes antes de o teres tecido,
E nem sequer desfrutaste
Da oportunidade que te deram.
«Ajuda a prolongar a passagem,
Daquele pobre ser.
Preservando a mensagem,
Deste poema que acabei de escrever.»

quarta-feira, maio 17, 2006

"Salvação ou condenação"


O homem na sua caminhada
Mostra sinais de ser devoto
Da religião cristã.
A fé, assim, é espalhada
Por mais um voto,
Em cada Domingo de manhã.

É nas horas mais angustiantes,
Nos dias mais distantes,
Que se vê obrigado
A apelar a Deus.
Que antes fora por ele renegado.
Nesses momentos
A sua fé
Atravessa a profanação,
Visualizando acontecimentos
Dos quais, crente agora é.

Sendo corrompido pelo desespero,
Apela ao sentimento
Que até então
Se mantinha severo
Em relação a esse comportamento.
Suplica a Deus Pai
Todo Poderoso,
Onde a descrença já lá vai.
Provando o quanto precioso
Chega a ser,
Com esse milagre que a fez acordar
Depois de um choque frontal.
Deixou assim uma esperança se erguer,
Com a prece que a conseguiu libertar
Daquele bendito mal.
Viu em Deus a salvação,
Através da milagrosa devoção.

É preciso uma situação
Como esta,
Para ele acreditar na sua religião.
Desta forma se manifesta,
A verdadeira crença.

Pena que, por vezes, o ser humano,
Perde-se por um outro plano
E cai na tentação.
Não na tentação da carne,
Mas sim, no aproveitamento
E no engrandecimento
Dos seus bens materiais.
O que é terreno,
Vira o seu próprio veneno,
Levando-o às portas do Inferno.
Deixa de acreditar no Amor Paterno,
Não vendo o lado divino.
Deixando nas mãos de Deus,
O seu destino.

Neste caso o que é mais certo,
A salvação
Ou a condenação?

«Materialmente, a salvação,
Espiritualmente, a condenação,
Porque os bens materiais
Não o livram do pecado.»

sábado, maio 13, 2006

"O Poeta"



«O poeta não é aquele que escreve,
Mas sim, aquele que sente.»

Cada verso escrito,
Onde o sentimento fica restrito
Nas palavras que manifestam
O seu interior.
Só que, por vezes, se infestam
De sofrimento. De angustias. De dor.
E o poema vira o fruto
Dessa tristeza sentida no exterior
Por quem lê.
Esses versos que despertam
Sensações misteriosas
Nas pessoas que lêem.
Mas às vezes libertam
Ilusões dolorosas,
Que se sentem, mas não se vêem.

É aquele que sente,
Porque um poema fala por si
Quando é lido com calma.
No momento em que está diante de ti,
A sua interpretação
De uma certa forma acalma,
Aquela ânsia que se manifesta
Através da citação
Daquela incompreensão infesta.
Aquilo que um verso
Chega a induzir,
Torna-se o inverso
Daquilo que chegas a sentir.
No silêncio o poema
Ganha vida,
Encontrando no tema
A voz da partida.

É aquele que sente
Algo, do qual jamais
Alguém conseguirá inibir.
Em si estão presentes,
Os ideais
Que se contrapõem
Às diversas situações embaraçosas.
Por serem manhosas
As suas excêntricas visões.
«Mas o poeta não vive só de ilusões!»

É aquele cavaleiro andante,
Solitário,
Mas puro diletante
Da sua poesia.
Cada poema é o puzzle de um diário,
No qual se codifica a mensagem,
Por entre cada verso.
Só que a focagem
Feita pelo leitor,
Perde-se num sentimento controverso
Àquele que ele sentia.
Tonando-se o recriador,
A um nível sintético,
E também estético.

«Poeta é aquilo que sei ser.
De outra maneira,
Não me conseguiria ver.
Isto não é brincadeira,
Porque é só ao escrever,
Que posso renascer.»

domingo, maio 07, 2006

"Abandono"



Uma das coisas que entristece
O meu sensível coração,
É saber que aquele ser
Não tem mãe nem pai.
Sendo órfão,
Sem ter
Alguém que substitua o carinho
Dos seus pais.
No seu longo caminho,
Sofrerá cada vez mais
Por sentir
A falta deles.
Seria neles,
Que veria motivos para evoluir.
Aos pouquinhos poder aprender,
Podendo no seio da família crescer.

Mas o gesto de rejeição
Perante um ser indefeso,
Magoa ainda mais o meu coração.
Dorme tranquilo deitado no berço,
Completamente indiferente
Daquilo que está por acontecer.
Sendo inocente,
Nunca irá perceber.

Pelos seus pais foi abandonado,
Continua no berço deitado.
Dorme muito sossegado,
Apesar de não ter os seus pais
Do seu lado.
Agora ficou sem ninguém,
Sozinho ali ele está.
A verdade por aí vem,
Mas ele continua a dormir.

Talvez nunca chegue a descobrir,
Que os seus pais, abandonaram-no
Um casal, adoptou-o.
E tentam substituir
O carinho que se recusaram a dar.
Mesmo não tendo pedido
Para nascer,
Dessa forma conseguiram mostrar
Que não queriam dele saber.

Que injustiça,
Sendo um recém-nascido,
Como tiveram coragem de o abandonar?
Ainda bem, que foi devolvido,
Ao conforto de um lar.
Não seria bom para ele
Crescer na solidão.
Vejo nessa adopção,
Uma segunda oportunidade.
Já está completa a sua felicidade,
Esquecendo aquela expressão
De infelicidade.

«O carinho,
De uma mãe é fundamental.
Quando sai do ninho,
Percebe o quanto para ela
É especial.
Através dela,
Recebe o verdadeiro amor de mãe.
Sem o qual
Ele não conseguiria sobreviver.
Fazendo que tudo pra que ele possa viver,
Sem lhe faltar
O abraço, capaz de o proteger.
Isto é o símbolo deste dia,
Onde o mundo parece de fantasia.

quarta-feira, maio 03, 2006

"Apeguei-me a ti"



Já me apeguei
Tanto a ti,
Que não te quero ver partir,
Porque te guardei
No primeiro dia em que te vi
Dentro de mim.
Sendo assim,
Fazes parte do meu interior.
Transmito isso no exterior,
Através de um sorriso,
Em cada momento que passo por ti.
Agora eu preciso,
De te encontrar sempre aqui.
Tenho receio que partas sem eu saber,
Promete-me que jamais te hei-de perder.
Prometes? Quero estar do teu lado,
Passar mais tempo contigo.
Por o tempo ter passado,
É que já não estás comigo,
Mas sei que passarás
Outra vez pelo meu ser.
Sei que o tempo não volta atrás,
Mas jamais me hei-de esquecer
De cada dia,
Em que estivemos frente a frente.
É impossível ignorar
O brilho que se irradia
Quando te vejo sorridente,
Por isso, é bom ver-te a aproximar,
A cada passo...
O teu caminhar
Tem o compasso
De uma linda melodia.
Ouço-a tocar,
A cada passo teu.
Devo ser eu,
O único a notar isso.
Mas podes acreditar nisso,
Porque estou a falar a sério.
Envolve-te um certo mistério,
Que te fica tão bem.
Sabes, apeguei-me a ti,
Não te vás embora, fica por aqui.

terça-feira, maio 02, 2006

"União das letras"



É da união
Das letras
Que surgem as palavras.
Através dessa designação,
As palavras juntam-se
E dão origem a frases.
As vogais agrupam-se
Com as consoantes,
Preenchendo inúmeras folhas de papel,
Dando origem a histórias fascinantes.

(O Príncipe montado no seu corcel,
Enfrenta todos os perigos,
Derruba todos os inimigos,
Para salvar a Princesa.
Uma certa firmeza,
Move-o nessa aventura.
E o amor perdura,
No encalço da sua bravura.)

Histórias como esta,
São o fruto da tal união.
Onde se manifesta,
A voz do coração.
Mas para desvendarmos,
Os diversos mistérios
Das letras,
Devemos apreciar
Uma boa leitura.
Só assim podemos desfrutar,
Da fantasia que lá perdura.

(O Cavaleiro
Percorre bosques, vales e florestas,
Tentando encontrar o paradeiro
Daquele maligno Dragão.
Ó Dragão, quando libertas
A tua fúria através das chamas,
Aceleras o bater do meu coração.)

Os episódios que provocam
Uma sensação de aflição,
Invocam
A verdadeira magia da escrita.
É por causa da emoção,
Que aquela criança acredita,
Naquilo que lhe foi dito,
Naquilo que estava escrito.

(Piratas navegam pelo mar,
São os tesouros que os levam
A velejar,
Por entre violentas tempestades.
Pelos oceanos navegam,
À conquista de novas ilhas.
Explorando as maravilhas,
Que esconde cada aventura).

Três exemplos daquilo que pode resultar,
Da união das letras.
Também podemos consultar
Os livros, para explorarmos o mundo.
Chegando cada vez mais fundo,
Descobrindo um novo universo,
Mesmo que seja na presença de um verso.

«Cabe-me a mim escrever,
Para vocês poderem ler.
Cabe ao professor ensinar,
Para aquela criança poder interpretar
A mensagem aqui expressa,
Se for boa a leitura.
Mas lê com calma, não tenhas pressa.»