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domingo, dezembro 31, 2006

A beleza da mulher


A beleza da mulher
Está no seu interior.
Na sua alma perdura
A sua boniteza
Que imerge na pureza.
Por vezes o corpo esconde isso,
Impedindo-a de ser feliz.
Há sempre alguém
Que deixa que o corpo
O iluda
E por vezes o seu interior
Não é descoberto,
É ignorado sem razão.
O corpo é só uma ilusão!
É injusto,
Ninguém ver além
De um pedaço de pecado,
Porque no fundo da sua alma
É que está guardado
O lado encantado
De cada mulher.
A beleza interior
É superior
Ao desejo sem pudor.
Dentro de si
Está algo tão lindo
Que só nela descobri.
Aquela doçura no olhar
Derrete qualquer coração.
Toda a mulher desperta sedução.
Só não podes fechar
O teu coração.
- Mulher,
És preciosa demais
Para te deixares rebaixar
Pelos caprichos do Homem.
O que seríamos nós
Sem ti?
Nem quero imaginar
É melhor este poema terminar,
Mas tenta sempre sorrir,Só o teu sorriso nos pode conduzir...

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Liberdade sem limites



A Liberdade do Homem é sem limites.
É livre no que faz,
Ao ponto de não optar pela paz.
Prefere a Guerra,
Que o impede de viver.
Escolhe as armas
E dita livremente a sentença.
Julga pelas próprias mãos,
Deixando viver os maus.
Vidas inocentes desta maneira fenecem,
Muitas crianças padecem
Por causa de uma bala,
Ou de uma bomba
Que fez seus pais indeferirem
A dádiva de Deus.
«A vida!»

Homem,
A tua Liberdade é sem limites
Porque resignaste
Dos ensinamentos da Cristandade.
Desde há muitos anos
Que a tua doutrina
Se chama «Crueldade».
Sem regozijo nenhum
Eu sou um,
Ou mais um
A não contemplar
Essa tua nova religião,
Por parecer mais uma reclusão.
O vosso adestramento
É demasiado violento
Para eu participar nele.
Afasto-me precipitadamente,
Não te vejo como gente!

É mesmo uma Liberdade sem limites,
Ages sem nenhuma formalidade.
Ultrapassas cada condicionalismo
Conduzindo este Mundo
Ao abismo.
(Por favor, interpreta este poema
Como uma admoestação.
Pára por um instante
E ouve teu «coração»).

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Merecer




Todo ser merece viver,
Tem o direito de deixar
A sua assinatura
Depois de falecer.
Quando isto não perdura,
É, porque alguém preferiu esquecer
Aquele que já partiu.
Quebrando assim a ligação,
Que já não se mantém
Através de uma recordação.

Cada ser merece caminhar
Por esta vida,
Sem temer a partida
Por parte alheia.
Há sempre alguém que semeia
Sementes que enfraquecem
O próximo.
Deve ser, porque enlouquecem
E matam-no sem explicação,
Dizendo que isso foi um pedido
Do seu Senhor. Do seu Deus.
- «Pôde Ele pedir tal coisa?»

Nenhum ser deve receber carinho
Em doses desiguais.
Um coração cheio de espinhos
Não lhe ofereças mais,
Porque ele merece conforto.
Guia-o até ao porto,
Não o deixes à deriva no mar.

Todo ser merece viver abrigado,
Porque esse direito lhe foi consagrado
Quando na barriga
Ficou os noves meses
Aos cuidados da sua mãe.
Inibido de qualquer perigo
Desenvolveu-se nesse abrigo.

Cada ser merece uma mãe,
Da mesma forma um pai.
Nenhum dos dois o deve
Deixar, por ter uma influência
Grande no seu crescimento.
Essa carência
Será lembrada em cada momento.
Isso será como uma cicatriz,
Jamais será um ser feliz.

- «Escrevi este poema no geral,
Mas sofro desse mal.
Em pequeno fui abandonado
Pelo meu pai.
Não o julgo por ainda ser
Adolescente e não saber
O significado dessa palavra.
Também o meio em que vivia
Contribuiu para essa anomalia.
Mas aqui estou eu sem pai,
Ele pode não merecer
Este ser que está a escrever…
- «E eu não mereço um pai?»

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Sozinho em casa




«Enquanto aquecia o café
Senti vontade em escrever.
Não sabia ao certo o que dizer,
Mas a folha queria apaziguar
Aquilo que me estava a magoar.
Que me estava a inquietar.»

- Estou sozinho em casa,
Sozinho com meus pensamentos,
Com meus tormentos.
O meu pensamento está virado
Para aquelas crianças
Que passam fome e frio.
Eu aqui em casa agasalhado,
Mas alguém pôde estar
Sozinha na rua.
Não me consigo animar,
Porque a culpa não é sua,
Se está ao relento!

Além de estar congelada,
Também pôde estar com fome.
Tanta comida é desperdiçada
E ela nem sequer um pão come.
As pessoas passam por ela,
Mas como são muito ocupadas
Nem sequer reparam nela.
Tanta roupa é deitada fora,
Mas nem esse gesto de caridade
As pessoas fazem.
Tanta soberba
No coração delas é encontrada,
Que me dá vontade de chorar.
Ao sua barriga a roncar,
Só me apetece gritar:
- «Acordem, acordem...
Este ser indefeso
Precisa de ajuda!
Para quê tanto desprezo
Se podia ser teu filho?»
Não interessa a cor,
Ou a sua religião.
Qualquer criança tem direito à adopção,
A uma segunda oportunidade.
É de carne e osso
Como qualquer outra,
Dentro de mim
Não há nenhuma distinção.

O meu tormento
É que se avizinha o Natal
E nesse momento especial
Alguma criança pôde estar
À procura de um lar.
Não sente aquela harmonia,
Nesse momento de alegria.
O que é fantasia,
Vira escuridão.
«O que vocês
Sentem no coração?»
Se sentissem alguma coisa
Lhe davam a mão
E ela agradecia com um sorriso.
Um gesto como esse
É o que é preciso
Numa época como esta.
Para este Natal
Ser igual em todo o lado.

- «Da minha parte,
Sem excepção
Deixo aqui os votos
De um Feliz Natal
E um próspero Ano Novo.»

sábado, novembro 25, 2006

Torre de Menagem(Braga)



Ao seu cimo eu subi,
Mas antes pelas escadas eu vi
O que realmente se passava,
Onde realmente estava.
Muito desespero imaginei,
Tensão e lágrimas secas encontrei
Enquanto vagarosamente subia.
Medo em cada escada sentia.

Sofrimento, é a palavra capaz de descrever
Aquilo que fracamente estava a ver.
Do seu cimo vi cá em baixo tristeza,
Perdia-se no olhar da incerteza.
Um cenário de guerra ali foi criado,
O massacre tinha começado.

«Soldados furiosamente avançavam.
Obstáculos não encontravam,
Porque arrasavam
Com tudo, por onde passavam.
Pessoas mortas no chão,
Gotas de sangue espalhadas
Como migalhas de pão.
Vidas assim foram tiradas,
Cruelmente assassinadas.
No final vi corpos deformados,
Com alguns dos seus membros cortados.»

Não acreditava naquilo que lá de cima via,
Com isso, sinceramente, sofria.
Foi o que imaginei,
Quando a torre fixei.

sábado, novembro 18, 2006

Recomeço




Enquanto passeava
Uma criança sozinha encontrei,
Por que chorava?
Eu lhe perguntei.

«Respondeu-me que chora
Por ter sido abandonada.
Cresceu numa família
Que não lhe dava carinho.
Ninguém se preocupava com ela,
Toda a gente vivia
Afastada dela
Mesmo estando em casa.
Os pais não queriam perder tempo
Em dar-lhe atenção,
Por dedicarem cada segundo
À sua profissão.
Quando chegava da escola,
Raramente via o pai.
A mãe estava lá,
Mas ocupada ela sempre está.»

Contou-me que ela até compreendia
O facto de os pais terem de trabalhar,
Para ganharem dinheiro
E poderem-lhe dar
Tudo o que queria.
Ela chegou-me a perguntar:
«Eu não sou mais importante
Que o dinheiro?»
Disse-me também,
Que uma vida não tem preço,
Que preferia ser pobre,
Mas ter os pais do seu lado.
Que adiantava para ela viver no luxo,
Se aquilo que realmente precisava
Era de graça e não tinha?
Em qualquer altura podia ser dado!
O carinho
Era o único bem
De que verdadeiramente necessitava.

Olhou para mim a chorar
E confessou-me
Que se fosse possível trocava
Tudo o que os pais lhe davam
Por pequenas doses de carinho.
«Dizem que tenho de fazer esse sacrifício,
Mas será que é necessário?
Sou a pessoa mais infeliz do Mundo,
Porque falta-me o essencial.»

Enquanto ela desabafava,
Eu olhei para o céu
E reparei numa estrela que brilhava.
Tinha um brilho diferente,
Como se tivesse uma alma presente.
Ao ouvir aquela criança,
Em que eu concordava com tudo o que dizia,
Senti que tinha de fazer alguma coisa.
Olhei para ela,
Depois para a estrela,
Fechei os olhos
E em pensamento subi até ela.
Perto dela,
Percebi que nela
Havia algo especial.
Peguei nela,
Ao descer à Terra
Entreguei-a àquele ser sem carinho
E ela desejou que a sua vida
Fosse completamente diferente.

«Se foi milagre, eu não sei,
Mas encontrei essa mesma criança
No colo da sua mãe,
Com o seu pai
Ao seu lado.
Vi o quanto ela agora
Era feliz.
Era carinho o que ela mais queria
E eu dei-lho através da poesia».

Vocês,
Podem-no dar
Na realidade.
O filho necessita
De muita atenção,
Não sentem isso no coração?
Não se esqueçam que o filhos
Não têm culpa,
Porque não pedem para nascer.
Obrigado,
Por me dedicarem algum do vosso tempo,
Espero que também façam
Isso com os vossos filhos.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Imprevisto




Vinha eu das aulas
Um bocado triste,
Também estava desanimado
Por estar a chover.
Da chuva tu saíste,
E por um raio fui iluminado.
O teu olhar fez brilhar
Aquele momento.
Adorei relembrar
O bom que é te encontrar.
Não cai no esquecimento
Nenhum dos nossos encontros.

Quando estava perto de ti,
Eu depressa esqueci
Que estava molhado
Por causa da chuva.
Do teu lado,
Apenas pensei
Em aproveitar
Esse imprevisto.

Como andava contigo no pensamento
Desde o outro dia que te vi,
Senti
Que a minha saudade se dissipava
Quando meu olhar com o teu cruzava.
Tão bom estares de novo comigo,
Senti de novo o verdadeiro significado
Da palavra amigo.
Gosto muito da nossa amizade,
Será que isso é algum sinal?
Não quero a resposta,
Só espero conversar mais vezes…

Encontrei-te através de um imprevisto,
Talvez seja mais que uma coincidência isto.
Não sei como alguém te consegue fazer mal,
Eu era incapaz de te magoar.
Se o fiz,
Peço desculpa.
Quero ver-te novamente,
Ver-te sorridente,
Tão bom encontrar-te contente,
Porque estou no meu outro Mundo
Contigo presente.

sábado, novembro 11, 2006

Sou um perdedor



Por mais que tente fugir
A tua imagem me persegue.
Isso consegue-me atingir,
Porque fica à espera que me entregue.

Caio no teu carinho,
Sou teu vizinho
Porque corro para perto de ti.
Começo a minha viagem aqui.

O teu consolo não posso prescindir,
Ao incidir
Com o teu ser
Vou acabar por perder.

Sou fraco, e acabas por vencer.
O meu desejo
Acabou de me enfraquecer
E dei-te um beijo.

Foi aí que acordei,
Na realidade não te encontrei.
Tanto eu chorei,
Tantas lágrimas derramei.

Mais uma vez escapaste,
Num perdedor me tornaste.
Mas disso não me canso,
Na tua magnificência descanso.

A matiz
Da tua figura
É a cura
Que me deixa feliz.

Foi no teu sorriso
Que encontrei um aviso,
«Para ser paciente
E ficarei contigo novamente.»

Aquele momento mavioso
Faz-me acreditar no amor.
Sei que foi precioso,
Mas sou um perdedor.

Não vou lutar mais,
Vou deixar de ser maleável.
Já sofri demais
E este caminho não é fiável,
Porque sou um perdedor.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Ainda me dói


Já passou algum tempo
Desde que deixaste de existir.
Sem eu saber
Decidiste fugir.
Fugiste desta vida
Para ocupar
O teu lugar no céu.
Nesse dia foi definida
A tua ausência,
Deixando-me a lembrança
Da tua vivência
Neste Mundo alugado.
Coitado
De mim,
Que fiquei sem ti.

«- Deus,
Achas que é justo
Deixares-me construir esta relação,
Para depois não te preocupares em quebrá-la
Sem nenhuma explicação,
Sem nenhuma condenação?
Criei este lindo laço
Com a minha avó,
Quando menos esperava
O seu nome na lista estava
E ela já viajava…
Na longa viagem caminhava,
Ao saber disso
Meu coração parou,
Meu ser lágrimas de sangue derramou.
Uma ferida que não cicatrizou,
Porque ainda me dói.»

Os dias perderam a cor.
De que me vale sentir rancor?
É ruim não poder fazer nada.
Vivo e caminho,
Por te sentir do meu lado.
Sei que sou protegido
Pela sua bondade.
A tua morte foi uma fatalidade,
Parece que Deus
Tinha necessidade
Da tua presença.
Não vejo «bom senso»
Na sua decisão,
Porque levou-te da minha realidade.

«- Deus,
Por que é que criámos
Elos de amizade,
Se tu os quebras?
Por que é que valorizámos a união,
Se tu és Pai
Da desunião?
Por que é que eu
Faço estas perguntas
Se tu fazes tudo em silêncio?
Não sei se estas perguntas
São aceites,
Mas é a sua falta
Que me faz questionar.
O tempo não pára de passar,
Mas sua ausência ainda me dói.»

«- Avó,
Protege-me do mal.
A tua bênção é vital
No meu percurso.
Sigo como o curso
De um rio,
Quer cheio, quer vazio.
Agora vai sem água,
Porque a minha avó faleceu,
Como eu não a esqueci
Isto ainda me dói».

sábado, outubro 21, 2006

Suicidio




Todo o ser que nasce
Luta bravamente
Para sobreviver,
Raramente
Ele pensa que vai morrer.
Leva a sua vida
Com garra e determinação,
Tentando
Afastar de si o chamamento
Que o quer levar
Pelos caminhos da escuridão.
A sua existência
Torna-se uma luta constante
Para manter intacta
A sua vivência,
A sua aparência.

Durante longos anos
Preocupa-se mais
Com a sua vida,
Em fugir sempre
Da hora da sua partida.
A sensação de caminhar livremente
Pelo seu espaço
Dá-lhe uma força vigorosa.
Acredita piamente
Na sua liberdade
Esquecendo-se que este Mundo
Não é Nosso,
Que apenas alugámos
Por um período de tempo
Um lugar nesta «obra inacabada
Que Deus iniciou.»

Sentido-se a mais nesta
Amostra que vai «desde o nascimento
Até à morte»,
Planeia suicidar-se.
Isso não passa de um plano indefinido,
Quando tem receio a executá-lo.
Ao pensar nos outros,
No tanto que batalhou
Para viver,
Percebe que o suicídio
Não é a solução.
O certo e normal, é lutar para sobreviver
E não sofrer
Para morrer,
Fugindo,
Sendo um pouco cobarde.
Mas nunca é tarde,
Tem sempre a possibilidade
De recuar desse passo maligno.
Se as pessoas mais próximas
Já sofrem quando um familiar falece,
O que sentirão elas
Ao saberem que aquele
Ente suicidou-se?

Talvez isto para algumas
Pessoas não faça sentido,
Se pensarem que morremos
Independentemente se nos suicidarmos
Ou não,
Só que ao longo dos anos percebemos
Que não vivemos
Só por viver.

«Eu próprio percebi isso,
Por causa disso
É que ainda permaneço aqui.
A minha vida
Parte daqui,
Disto que com seriedade escrevi.»

sexta-feira, outubro 20, 2006

Eu, o Poeta



Há uns anos atrás,
No tempo em que vivia
Na aldeia onde cresci
O Poeta deu-me
Os primeiros sinais.
Lembro-me de procurar poemas
Nos manuais
Da escola.
Jamais pude prever
Que ele estivesse a nascer
E já dentro de mim
Começasse a crescer.

Libertou-se definitivamente
Quando numa aula
Escreveu o seu primeiro poema.
Era um poema simples,
“A vida”, foi o seu tema.
Desde esse dia começou
A escrever,
A cada poema
Fico a conhecer
Ainda melhor o Poeta.

No tempo em que se mudou
Para a cidade,
Encontrou
A sua liberdade
Nas letras que escreve.
Uma grande mudança
A minha vida teve,
Porque comecei a ver
O Mundo, a enxergar as coisas...
Outrora olhava para elas
E pensava que estava
Tudo bem,
Ou não me questionava
Sobre certas coisas
Que acontecem,
Mas agora essa ideia mudou.
A poesia
O Mundo me mostrou.

Sei que Eu e o Poeta
Somos um só.
Um não vive sem o outro,
Estamos sempre ligados.
Não podemos ser separados,
Porque Eu não sou
Nada sem o Poeta.
E ele não é nada
Sem mim.
Um elo forte nos une
Sendo imune
A qualquer coisa.
É eterna a nossa união!
O nosso fruto nasce no coração
E é saboreado
Em cada verso,
Mas só se a mensagem
For interpretada.

Eu sou o Poeta
Que escreveu este poema.
Escrevo-os todos com amor,
Todos têm o mesmo sabor.
As pessoas têm de saborear bem
Para saberem o que se esconde,
Ou qual foi a semente que fez
O poema germinar.
Não vou deixar de escrever
Por ser sempre pura
A semente que semeio.
O leitor com certeza
Há-de colher
De bom agrado os meus frutos,
Por serem todos cultivados,
Tratados
Com amor.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Uso o lápis...





Para passar cada poema
Repleto de sentimento
Para a folha de papel.
Desta forma tento
Esvaziar o meu ser
De preocupações,
Esquecendo as situações
Por que passo...

Uso o lápis
Desabafando através dele.
Eu preciso que ele
Escreva aquilo
Que não consigo dizer,
Ou falar sobre isso...
Se falasse corria
O risco de ninguém me ouvir.
Através da poesia
Além de fazer reflectir,
As palavras falam por si.

Necessito do lápis
Para entrar
No meu outro mundo.
Assim posso libertar
O meu outro eu.
Ele é mais profundo,
Vive no fundo
Do meu coração.
Só aparece nos
Momentos de aflição.
O lápis nessas ocasiões
Torna-se o meu melhor amigo.
Leva-me para o meu abrigo.
Por causa da sua utilidade
Eu alcanço a minha liberdade.

Satisfaço a minha necessidade
Servindo-me da sua função.
Tenho sempre vontade de alcançar
Este meu único bem.
É sempre com satisfação
Que escrevo um poema.
Disponho de inspiração
Para pegar no lápis
E colar na folha de papel
Mais do que simples palavras.

Uso o lápis
Para não me esquecer
Da lição
Que aprendi.
Por saber
Que lhe saiu do coração
Eu o ouvi.
Quando ele me ensina
Muito me anima,
Sabendo que recupera
A minha auto estima.
O conselho que o lápis
Me dá,
«É que existe
Muita maldade.»
Por detrás do meu rosto triste
Ele encontra
A minha felicidade.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O Poeta



Nasceu numa aula, em que eu escrevi um poema há quatro anos. Foi o seu primeiro poema, e desde esse dia ficou conhecido assim.
Essa alma mostrou a sua cara sem ninguém se aperceber, sendo ele o motivo das conversas naquela escola onde andou. Tantos agradecimentos, tantos parabéns recebeu desde que apareceu no Mundo.
É novo, apenas tem quatro anos, mas parece que já nasceu Poeta. Ele mora dentro de mim.
Desde que apareceu começou a questionar o Mundo, as coisas...
Esse Poeta deu-me os primeiros sinais naquela aldeia onde nos livros da escola começou a ler os primeiros poemas, não eram os dele, mas daí nasceu a paixão pela poesia.

Estrela cadente






Debaixo de um céu estrelado
Estava do teu lado.
Depois de te beijar
Te abracei
Te apertei
E vi passar
Uma estrela cadente.
Onde desejei
Que estivesses ali
Sempre presente.
Tu sabes que eu estou aqui
Bem à tua frente.

Foi essa estrela cadente
Que nos uniu.
Daquele cenário carente
Nenhum de nós saiu.
As brisas arrefeciam
Os nossos seres,
Mas aqueles beijos aqueciam
Os nossos corpos
De uma tal maneira
Que libertavam uma chama.
A chama do nosso amor.
Sou aquele que te ama,
Seja onde for.
Este sentimento é sincero,
Não quero
Que sintas alguma dor.
Nosso amor não vai acabar,
Por favor, ajuda-me a ignorar
Que isso venha a acontecer
Porque não te quero perder
Não te quero perder.

Sonhei com esta estrela cadente,
Mas felizmente
Tu estavas mesmo lá.
Só que agora não estás cá.
E desejo ver-te amanhã,
Logo pela manhã
Como num dia normal,
Por ser tão especial
Começar o dia assim.
Foste feita só para mim
Só para mim.

Essa estrela cadente nos uniu,
Assim meu coração é teu
E o teu é meu.
Ficaremos juntos até ao fim,
Por favor, diz-me que sim
Diz-me que sim.

terça-feira, outubro 03, 2006

Caminhas...





Caminhas,
e a solidão
te persegue.
O som do bater do teu coração
te segue,
quebrando o silêncio.
a cada passo,
aproximaste ainda mais desse vazio.
Tremes, sentes frio.
Mas encontras conforto
dentro de ti.
Já foram alguns
os passos que deste,
mas parece que te perdeste
nessa imensidão.
Será que é por causa
dessa solidão?
Não fazes nenhuma pausa
e continuas.
Algo insinuas
no teu caminhar.
Só queria lá estar,
para te libertar
daquilo que te faz sofrer,
que te faz estar só...
Gostava de saber o que sentes,
mas num sorriso parece que mentes,
porque sei que é imensa essa dor.
Não te dás assim tanto valor,
Por isso, foges pra bem longe
E sozinha caminhas...

sexta-feira, setembro 22, 2006

PRESA A UMA CADEIRA DE RODAS




É tão bom podermos caminhar,
Mas como se sentem as pessoas
Que estão presas a uma cadeira de rodas?
Não podendo deslocar-se
Fica ali sentada
A ver as pessoas
Que caminham
Sem dar importância
À liberdade que têm.
Depende tanto da cadeira
E neste país não há condições
Para essas pessoas
Terem uma certa autonomia.
Não basta estar presa
Como também não se pode movimentar,
Já que os difíceis acessos
Isto não permitem.

Até que em alguns passeios
Têm feito rampas,
Mas não satisfazem todas
As necessidades dessas pessoas
Em cadeiras de rodas.
Qual será a sensação
De não poder sentir as pernas
Que nos deslocam?
Já não podemos dar passos,
Correr,
Sermos livres.
As nossas pernas recusam-se
A obedecer.
Tudo no mundo se movimenta,
Cada coisa segue seu rumo,
Enquanto que continuamos
Ali sentados,
Quase por obrigação.
É normal que fiquemos tristes,
Revoltados,
Ou que achemos
Que não merecemos
Este castigo.

Depressa descobrimos
Que não vale a pena reclamar,
Porque o tempo continua a passar,
Mas ela não voltou a andar.
Fica ainda mais triste,
Por se lembrar
Que outrora tinha
Umas pernas fortes,
Mas que agora
Nem sequer
As pode sentir.

Existem pessoas que nascem
Com problemas motores,
Mas ela ficou assim
Sem ter culpa.
Numa tarde
Lá vinha ela do seu trabalho,
Cautelosamente pela estrada.
Muito depressa essa calma
Desapareceu,
Porque um carro contra o seu bateu.
Um carro que vinha em excesso
De velocidade
E fez uma ultrapassagem
Mal calculada.
Ela ficou encarcerada,
Foi um milagre não ter falecido.
Estava sentada
No automóvel
E sentada ficou,
Porque ele a liberdade
Lhe tirou.

Quando se apercebeu
Que não podia mexer
Os membros inferiores,
Ficou completamente aterrorizada,
Mas depois passou
Porque ela aceitou-se assim
E decidiu lutar
Contra essa anomalia,
Para sensibilizar,
Para mostrar
Que o mundo não acaba
Quando algo do género acontece,
Para as pessoas saberem
Que o que é preciso
É força de vontade
E para evitar que aconteça
Outra vez uma coisa semelhante.

Espero que reflictam
Ao fim de lerem,
Para que tomem alguma atitude.
Não se esqueçam de aproveitar
Bem a vida,
Mas que os outros também aproveitem.
E deixem aquelas preocupações de lado...

segunda-feira, setembro 18, 2006

Ver o dia clarear



Quero ver o dia clarear,
Imaginando o teu despertar.
Acordas com um sorriso no rosto,
Radioso como o sol de Agosto
E cintilante como uma estrela.
Quando te levantas, caminhas em passos
De lã...
Em segundos escassos,
Fazes da manhã
Uma fantasia,
Ao acordar pensei
Ter a tua companhia,
Mas foi apenas uma ilusão.
Ou uma partida
Desta solidão.

Ao ver o dia clarear,
Imagino-me do teu lado.
Poder presenciar
Um sorriso bem rasgado
Logo pela manhã.
Tão bom poder começar assim o dia.
Eu, tu e a tua alegria
Que tanto me contagia.
Um momento assim contigo é divino.
Não sei se o destino
Me vai apoiar,
Mas eu vou tentar
Viver um dia como este que imaginei.

Ao ver o dia clarear
Penso em ti
E pergunto-me
Por que não estás aqui?
Já há muito que a tua presença
Por mim é aguardada,
Mas não vejo a tua chegada.
É tanta a diferença
Que noto em todas as manhãs
Quando imagino-te comigo,
E quando me contradigo,
Por realmente não estar contigo.

Vejo o dia clarear
Vendo-te a acordar.
Mesmo estando só a fingir,
Sou capaz de ouvir
A tua respiração.
Sei que não sou eu
Que devo tomar essa decisão,
Mas por favor, pensa na nossa reconciliação.

Vejo o dia clarear
E penso em lutar.
Achas que devo?
Eu só escrevo
Este poema
Para te dizer
Que vou lutar por ti.
Somente, por ti...

quinta-feira, setembro 07, 2006

Sonhei




Sonhei,
Que era um gatinho
E tu pegaste em mim
E fizeste-me um carinho.
Aconchegado no teu colo,
Ouvia o bater do teu coração.
A cada pulsação
Desejava que fosse eu a razão
Por ele bater com essa intensidade,
Mas não confiava nessa probalidade.

No teu colo sentia-me tão bem,
Era tão caloroso,
Um lugar precioso.
Só que quando acordei não vi ninguém,
Pena que já tinhas ido embora.
Esse gato dentro de mim chora,
Porque sente falta daquele conforto.

Quando pegaste em mim,
Olhaste-me nos olhos,
Fiquei envolvido por uma luz
Tão pura,
Para o paraíso me conduz
Por estar cheia de ternura.
Ao passares a mão por mim,
Eu parecia um gato tão mimado
Por miar calmamente,
Como se fosse uma melodia,
Suave e calma.

Fizeste companhia
Àquele gatinho
Que passava cada dia
Sempre, mas sempre sozinho.
Deste-lhe aquilo que ele mais precisava,
Que era um pouco de carinho.
Abrigaste-o no teu ninho,
De onde não queria sair.
Foi pena, mas tive de ir
Porque o sonho acabou,
E eu acordei...
Mesmo já não sendo aquele gato,
Preciso de ti.
Gritei teu nome,
Mas não te ouvi...

Preciso do carinho
Que deste àquele gatinho,
Que andava perdido
Até te ter encontrado.
Desde aí ficou sempre do teu lado.
«Tens alguma solução?».
Por favor, dá-me um pouco de atenção.
Parece que sonhei
Com cada verso que escrevi,
Mas acredita, adoro estar perto de ti.

segunda-feira, setembro 04, 2006





Avó,
Por que me deixaste
No meio desta solidão?
Onde agora és apenas
Uma recordação.
Claro que és mais do que isso,
Mas choro quando me lembro disso.
Partiste na longa viagem,
Deixando apenas ficar a tua imagem.
A imagem que marca a minha vida,
Mesmo sabendo da tua partida.
São nos momentos em que estou triste,
Que a minha solidão é possuída
Pela tua imagem, a de uma sábia avó.
Além de sábia,
Eras carinhosa,
Essa ternura parecia
A de uma mãe.
Tratavas sempre bem
Os teus netos,
Guiando-nos sempre
Pelos caminhos mais certos.
Desde que saíste de perto de nós,
Nos sentimos tão sós.
Eu encontro-te em cada verso,
Em que misteriosamente contigo converso.
O tom da sua voz
É que ligeiramente mingua,
Fazendo-me sentir falta da tua
Doce pessoa.
Dando-me a entender
Que calmamente de mim se afasta,
Ficando outra vez sozinho.
Adorava poder ter,
Nesta dor que me arrasta,
Ter de novo o teu carinho.
Nos tempos de meninice
Não havia vestígios de mesmice,
Porque habitava o teu terno Mundo,
Abrigando-me dos perigos que corria.
Vivia assim cada dia,
Rodeado de afecto, de amor
E de muitos miminhos.
Não eras dada a minúcias,
Já que nos enchias
Sempre de afecto e de amor.
Não davas nada pela metade,
Já sabias a quantidade
De que precisavas para nos sentirmos bem.
Avó, com lágrimas nos olhos eu te peço:
- Dá-me tudo outra vez.
Leva-me para teu Mundo.
Deixa-me sentir o que sentia...
Mas por favor, não me deixes sozinho.
Preciso de carinho.

quarta-feira, agosto 30, 2006

A SAGRADA LUZ DO DIA













Hoje passei outra vez
Pela pessoa
Que repete vezes sem conta
Esta frase:
«A sagrada luz do dia.»
Fico com pena ao ouvi-lo, por saber
Que ele não a pode ver,
Porque ficou preso
Na escuridão,
Por alguma razão
Perdeu a sua visão.

A sua vida agora é sem cor,
Deve ser imensa a dor
Que sente dentro de si.
A tristeza por não enxergar
O sol que brilha
E alegra a nossa vida;
As andorinhas que voam
Pelo céu limpo,
Onde nos mostram
O quanto é bom ser livre.
Só que ele ficou prisioneiro
Da sua própria escuridão.
Não pode ser maior
A tua solidão.

Os dias para ele
São sempre iguais.
Não se apercebe
Das tantas transformações
Que sofre este Mundo.
Posso imaginar
O que é olhar
Para qualquer lado
E ver sempre
Uma paisagem fria e escura.
Tudo se desfigura,
Por ter perdido,
Por ter sido proibido
De ver
«A sagrada luz do dia.»

Sei porque é sagrada
A luz do dia,
Ele antigamente a via,
Mas agora não a vê.
O que parece normal,
Acordarmos e vermos o despertar
De cada manhã,
Para ele isso tornou-se sagrado.
Só que a sua vida
Não está mesmo de bom agrado,
Por ser também um mendigo.
Vocês imaginam o perigo
Por que ele passa,
Neste Mundo moderno,
Onde parece mais o Inferno!?

E sabem quais são as dificuldades
Que ele tem de ultrapassar,
Só para poder caminhar
Estando este Mundo
Cheio de obstáculos...
(Sabem?)
Se só DEUS sabe o que um mendigo
De verdade passa,
Então o que passará este?

Acreditem, gostava mesmo de o poder ajudar,
Mas infelizmente não posso!
E você, pode?
Se pode por que não faz nada?
De que lhe adianta a fortuna
Se não é usada
Para fazer o bem?
E para que quer tanto dinheiro
No seu mealheiro,
Se não precisa nem de metade?
Como é que se considera cristão,
Se não é capaz de ajudar um irmão?
Considera-se uma pessoa humilde,
Mas não conseguiu essa fortuna
Através da humildade.
Apesar das perguntas,
Já não quero respostas
Porque viraste as costas
Àquele homem
Que deixou de ver
«A sagrada luz do dia.»

Com um pincel




Com um pincel pinto o amor
De amarelo, por causa de um beijo de calor.

Pinto as nuvens de vermelho,
Para ver o reflexo do amor num espelho.

Vejo algum sangue nessas gotas,
Por haverem tristezas espalhadas...

Tu pincel, minhas mágoas esgotas,
Deixas-me com saudades apartadas.

Com um pincel pinto as montanhas,
Pinto nelas flores em forma de corações.

Sinto no coração essas razões,
Faço promessas tamanhas...

Com um pincel desenho
No meu sonho, outro mundo.

Este infelizmente está tão inundo...
Por lá, eu sempre me mantenho...

Com um pincel desenho o futuro,
Vejo um mundo muito mais puro.

Tristezas, injustiças, e outras coisas dolorosas,
Morreram com uma infelicidade desditosa.

Com um pincel,
Espalho pela vida, um pouco de mel...

Desabafos de um poeta


Depois de uma discussão
Familiar, refugiei-me no meu quarto.
Como não tinha culpa pela confusão,
Dentro dele, à procura de par eu parto.
É nele, que eu reflicto sobre acontecimentos,
Alivio meus tormentos,
Liberto agonizantes sentimentos,
Procuro felicidade, nos meus pensamentos.

Mas por vezes isso não resulta,
Acho que, é por não ser o suficiente.
Não estou nessa conclusão muito ciente.
Faço do silêncio minha multa,
Por fugir nesses momentos.
Nisso sinto falta dos meus alentos.

Nesse silêncio procuro respostas,
Com as lágrimas, de lado elas ficam postas.
Vejo assim horas mortas,
Minhas perguntas fecham-me as portas.

Tão triste e perdido,
Crio na escuridão alguém pra conversar.
Essas angustias poder desabafar,
Isto acho que não faz sentido.

Disso não tenho nenhuma certeza,
Só vejo como minha companhia, a incerteza.
Muito triste viver assim,
Ninguém tem uma solução para mim?
Sem ninguém para conversar,
Assim este poema vou terminar.
Essa dúvida vai continuar,
Sozinho sempre irei ficar...

segunda-feira, agosto 21, 2006

ABANDONO
















Olhando para o lago,
Vejo o rosto de uma criança abandonada.
A tristeza no seu olhar,
A saudade que sente
Dos pais que nem sequer conheceu.
Sei que esta criança não escolheu
Os pais que teve,
Mas mesmo assim
Imagina-se ao lado deles.
Essa criança não sou eu,
Mas sou eu
Que escrevo este poema
Para sensibilizar
Os casais jovens,
Que se for para abandonar
Mais vale não ter.
Sei que podem abortar,
Mas contra o aborto eu sou,
Porque Deus nos criou.
Como Deus nos criou,
Devem criar o vosso filho!
Se a semente está dentro da barriga,
Já é uma vida,
Por isso ao abortar
Estão a impedir
O nascimento de um ser,
E sabem o que isto quer dizer?
Desculpem-me por usar as expressão,
Mas estão a ser assassinos.
Posso ser condenado por isto,
Porque arranjam sempre uma desculpa
Para porem a culpa
No ser que por aí vem.
Mas culpa ele não tem
De ser já uma semente...
Sei que esta é a minha opinião,
Mas esta não é propriamente a razão
Que me leva a escrever este poema.
O verdadeiro porquê,
É por saber que um recém-nascido
É completamente indefeso.
Não sabe como reagir,
Já que facilmente
Os pais podem fugir.
Claro, mais cedo, ou mais tarde
Esse abandono o irá ferir.
Deve ser ruim para ele,
Acordar no ceio de uma família
Sabendo que não é a dele,
Já imaginaram isto?
Ele até teve sorte de encontrar
Uma nova família.
Mas, e aqueles que vivem em instituições
Como será a vida,
E o que sentirão eles de verdade?
Quando forem, digamos, jovens,
Como reagirão sabendo
Que foram abandonados?
Não me respondam que lhes mentem,
Que nunca lhes disseram
Que foram abandonados pelos seus pais,
Porque cada pessoa merece saber qualquer verdade.
Deve ser doloroso
Saber que foram abandonados
Pelas pessoas que lhes deram a vida.
Para mim a relação
Dos pais para com o seu filho,
É algo lindo, mágico, divinal,
A melhor coisa que Deus nos deu...
Não acham?
Será que há alguma razão,
Para o porquê desta relação?
E por favor, não quebrem este ligação...
Prometem?...

sexta-feira, agosto 18, 2006

TRISTE PAISAGEM











Depois de as chamas
Devorarem hectares de floresta,
A chuva refresca
O pouco que resta,
Após a passagem do Inferno.
Cada gota de um jeito terno,
Molha as árvores carbonizadas.
Entre a vida e a morte,
Por terem sido abraçadas,
Por um fogo impiedoso.
Não tiveram sorte!
Estando um dia ventoso,
O rumo do incêndio era imprevisível,
Mas esta triste paisagem
É bem visível.
Uma paisagem completamente morta,
Onde nenhuma semente agora brota.

A água escorre pelos troncos
Quando chega ao solo,
Nada lhe serve de consolo,
Porque as árvores queimadas
São as cicatrizes
Desta triste paisagem.
«Quem é que pode tirar
Alguma vantagem,
Destruindo a nossa mina de oxigénio?»

(Quem? Posso saber?)
As gotas salgadas que caem no chão,
São as marcas do sofrer
De cada população.
Vejo tantas feridas
Nos escombros daquela habitação.
Algumas vidas,
Também ficaram
Nesta triste paisagem.
A imagem negra,
É a camuflagem
Que esconde os números
Dos hectares ardidos.


A água no seu percurso,
Faz a limpeza
De cada monte.
Em cada curso,
Solta-se a tristeza
Por ver o que restou
Depois de um grande incêndio.
Quase nada ficou,
O fogo extinguiu por completo
Aquela fonte de oxigénio.
Custa a muita gente
Ver um cenário como este,
Mas é este o cenário
Da triste paisagem.
Mesmo que tenha sido um acidente,
Nada lhe trará o seu doce lar
De volta,
Por mais que alguém lamente,
E o incendiário
Anda por algures à solta.

É muito triste a paisagem
Que fica depois de um incêndio.
O que era um espaço verdejante,
Vira cinzas num instante.
São poucos os segundos,
Que o fogo precisa
Para devorar esse espaço verde.
Torna-se o rosto
Do mês de Agosto,
A triste paisagem...

Falam-se em medidas
Ao longo do ano,
Mas parece que ficam esquecidas
Em algum lugar.
De nada podem valer,
Àquele bombeiro
Que acabou de sacrificar
A sua vida
Para combater um fogo posto.
E repete-se a história do mês de Agosto...

sexta-feira, agosto 11, 2006

“Tudo o que sou”














Tudo o que sou
Está dentro do meu coração,
Reflecte-se em cada poema
Promovendo a invocação
Do meu verdadeiro eu.
Exprimindo a faceta
Deste insignificante ser,
Que só por detrás duma caneta
Consegue viver.
Vivo camuflado,
Como se fosse a incógnita
De um mau resultado,
Mas que consegue encontrar a solução
Por ter mais que uma personalidade.
Não sou uma desilusão,
Apenas escondo-me
Desta crueldade,
Desta inóspita realidade.

Tudo o que sou
Resume-se a uma caneta,
A um lápis,
A uma borracha
E a uma folha de papel.
A caneta e o lápis, passam para a folha
Tudo aquilo que circula
Pela minha alma.
(Tristezas, desilusões, visões,
Pensamentos, opiniões
E tanta discordância
Desta vida injusta,
Onde viver só me custa).
Cabe à borracha
Apagar todos estes males.
Amor,
De pouco me vales,
Apesar de seres tão forte,
Mas falta-me a sorte.

Tudo o que sou
É passado para um poema.
Deve ser estranho,
Mas uma caneta
Consegue escrever versos
No meu coração.
Pena que por vezes aumentam
A minha dor,
Sendo tão triste a minha poesia.
Claro que todos os poemas
Para mim têm valor,
Porque são as linhas
Que construíram
A vida deste poeta.

Tudo o que sou
Encontras em cada
«Fruto da minha solidão.»
Foi por isso que amadureci
E agora ando por aqui
Sem compreender
Este Mundo
Que só me faz sofrer.

Tudo o que sou
Não dá para escrever...
(Sou mesmo tudo,
Ou não sou nada?)
Se alguém me responder,
Que faça primeiro esta pergunta:
«O que somos nós?»

segunda-feira, agosto 07, 2006

Quero voar





Devolve-me as asas
E deixa-me voar,
Porque não quiseste abrigar
Este amor que senti.
Tu mesma disseste que eu já saí
De dentro de ti,
Por isso, quero voar
Não me faças chorar.

Todo este tempo passei
À espera de um sinal,
Mas quando as asas deixei
E me entreguei,
Faltou o essencial...
Não houve correspondência
Entre a nossa vivência.
Faltou desejo,
Faltou amor...
Nem o beijo
Tinha sabor.

Não sabes o quanto é triste
Viver ao lado de uma pessoa
Que me magoa.
Amor entre nós não existe,
Onde não me soa
A tua voz que encoa
A sinceridade ausente.
Esta dor não é recente,
Porque não confio
Numa pessoa
Que deixou meu coração vazio.

Devo ser teu prisioneiro,
Devo estar preso numa gaiola.
Teu amor é como uma esmola,
Mas teu ser me cobra
O tempo inteiro.
Estou preso
Apesar de não estares presente.
Não sairei ileso,
Se quebrar esta corrente
Que me prende.
A barreira impede a minha fuga,
Mas pára com isto!
Sim, eu desisto...
Sinto ciúmes
Cada vez que cheiro
Teu perfume
Em outro corpo.

Quero voar,
Voar atrás de ti.
Quero-te encontrar,
Porque agora percebi
O significado do que escrevi.
E tu, percebeste?

sexta-feira, agosto 04, 2006

Folha de papel



Em ti escrevo cada poema
Como se cada um
Fosse a página de um diário.
Num indigente vocabulário
Liberto a minha dor.
Falo-te da minha falta de sorte
No amor,
De como sofro por sonhar...
Sonho tanto
Deixando minha alma de pranto,
Só para me esconder
E assim não sofrer.

Alivio as minhas frustrações,
Já que são tantas as decepções.
Acontece tudo ao mesmo tempo!
Passo para ti os meus problemas.
Eu sei que os devia resolver
E desculpa por te envolver,
Mas preciso de desabafar.
Não sei o que eles vão causar,
Mas dentro de mim
Não podem permanecer.
Ainda acabava por adoecer,
Se não libertasse
Aquilo que me magoa agora.

Sinto que meu ser chora,
Só que nenhuma lágrima sai,
Nenhuma cai
Em cima de ti.
Talvez aí
Me deixarias escrever,
Sem me dar a entender
Que eu não tenho motivos para sofrer.

Quero tanto amar
E vejo aquele que traiu
Ao lado de outro alguém,
Mas eu que quero amar
Continuo sem ninguém.
Também vejo aquele que magoou,
Outro amor encontrou.
Por mais que magoe,
Encontra sempre um abrigo,
Mas que se passa comigo
Que só quero amar,
Mas fico sozinho a chorar?

Deve ser o seu perfil garboso
Que o torna superior a mim.
Ele consegue tudo com facilidade,
Apesar de tanta falsidade.
Eu que sou sincero,
Eternamente por uma chance espero.
Choro por não saber que fazer,
Será que me podes dizer?

Folha, tu ouves-me,
Mas não dizes nada.
A minha dor fica em ti registada,
Por uma borracha
Pode ser apagada.
Por que não posso apagar
O sofrimento que me deixa triste?
Acreditem que não sei.
Desta forma,
Assim deixei
Mais um desabafo meu...

quarta-feira, agosto 02, 2006

LAGO

Foram tantas as vezes
Que me viste
E ouviste
Chorar,
Por causa desta tormentosa solidão.
Este é mais um dia assim,
Um dia em que não estou afim
De fazer nada.
Por mais vontade que tenha,
A minha voz está calada,
Porque meu sofrimento é mudo.
Tinha vontade de desaparecer
E aqui vim ter.
Precisava de desabafar contigo
Minha dor.
És meu único amigo,
Por favor,
«Fala comigo.»
Traz-me a paz que preciso.
Se te confundir com o paraíso,
Não me tragas essas recordações
Que escondem as minhas desilusões.
Deixa-me estar nesta margem.
Sei que é péssima a minha imagem,
Por estar tão triste,
Mas esta é a única pessoa que existe
Dentro de mim...

sábado, julho 29, 2006

"A palavra coração..."


Repete-se em todas
As músicas românticas
Exprimindo amor,
Ou até dor.
Normalmente é usada
Quando aquele alguém
Não quer mais nada,
E acabamos perdidos
Na desvela solidão.

Nosso coração quebra,
Feito um copo de cristal.
Cada pedacinho é o símbolo
Desse sortilégio
Malfeitor,
Que se impôs, sendo régio
O domínio desse amor.
Provoca assim um desaparecimento
Moroso,
Devido à desventura
Que guardou a imagem
Daquele lindo sentimento.

Depois do tal rompimento,
Vem um brioso sofrimento.
Generoso, porque fecha uma porta,
Mas abre uma janela.
Depressa vemos que a vida
É bela.
(Acham que estou a mentir?)

«Claro que sim,
Basta olhar para mim.
Sofro ainda as amarguras
De um amor inesquecível.
Foram inúmeras as janelas
Que se abriram,
Mas nenhuma delas
Me impediu,
De amar essa pessoa
Que há muito partiu.»

«Meu coração
Deixou de bater.
O sofrimento é tanto
Que não tenho razões
Pra viver.»

Deixou de bater,
No dia em que ela foi.
Deixei de ser o Herói,
Que a salvava sempre
Que estava triste.
Livrava-a dos perigos,
Da tristeza que no amor
Apoquenta o coração.

quarta-feira, julho 26, 2006

"O que somos"










Chamam-nos gentes,
Seres Humanos,
Animais racionais,
Seres que pensam,
Que têm moral.
(Há também a teoria
Que nem todos
Somos pessoas).

Somos as gentes
Que mata outra gentes,
Só para obter
Simples tostões.
Gentes que vê nos cifrões
Um objecto de cobiça.
Cobiça esta, que trás
O Inferno à Terra.
Gentes que originaram
Tantas Guerras,
Que terminaram
Em centenas de carcaças.
Carcaças que libertavam
Um odor desolador.
No meio disso o pavor
Entranhava-se nas almas
Dessas gentes.
Das vitimas,
E dos agressores.

«Mas o que somos
No meio de seres,
Vistos como animais?»

Passamos a ser irracionais,
Com esses actos de um
Autentico animal.
Sendo o mal
O seu único ideal.
Crianças violadas,
Filhos explorados
Como se fossem
Mulheres da vida.
Que pensamentos
Pode ter um ser assim?
Um ser assim
Não pensa,
Apenas age.

Com teimosia
E com ousadia,
Eu pergunto:
«Afinal, o que somos
No meio de actos
Mais sôfregos do que
Os de um animal?»
São tão cruéis!

Temos a mania de dar
Lições de moral,
Mas um animal
Que moral pode ter,
Para poder
Dar alguma?

quarta-feira, junho 14, 2006

"Pomba Branca"



Pelo céu reluzente,
Voas deslizando
Por entre o vento.
Num voo plano,
Atinges uma velocidade
Impossível de alcançar.

«Pomba Branca»
Voas atrás
De algo indispensável.
Sendo o teu símbolo
A paz.
Procuras através do céu
A calma que representas.

Quando passas és vista
Como um sonho,
Sendo uma causa idealista
Aquela que queres passar.
Bem que tentas tornar
O mundo mais calmo,
Mas parece em vão!

Ao olhares para baixo,
A tua causa se recolhe,
Porque são muitas as evidências
Que comprovam
O contraste com que se defronta
A racionalidade da tua essência.

Mas qual é a diferença
Entre o que simbolizas,
E o que vês cá em baixo?
Foi num voo razante,
Que viste quais são
As diferenças,
Sendo uma visão de dor.

«Angustias, libertavam medos.
Dores, originavam ferozes ruídos.
Corpos, davam origem a um
Cemitério a céu aberto.
Bombas, mutilavam corações.
Sangue, levava nele
Impetuoso cenário.
Balas, penetravam na mente,
Quebrando a ligação
Com a vida...»

É assim descrito
O contraste,
A que te referes.
Ficaste aterrorizada
Com tamanha barbaridade,
Com tão sanguinário
Que foi o período
Em que desceste.

«Pomba Branca»,
Para onde vais tu agora?
Sem me responderes,
Vejo-te a ir embora,
Desaparecendo
No infinito.

sábado, junho 03, 2006

"Liberdade, um direito"


A mulher,
Aquele ser indefeso,
Mas que por alguns anos
Se manteve preso.
Onde os homens abusavam,
Os seus direitos negavam.
Recusavam
Até o seu estatuto
De liberdade.
Mas passado,
Um certo tempo.
A chave abriu a grade.
Uma chave em forma de protesto,
Onde esse manifesto
Hierarquizou os seus direitos.
Mas os actos imperfeitos
De violência,
Escandalizam hoje em dia.
Da sua inocência,
O Homem obtém a sua sabedoria.
Aquilo que me entristece,
É saber que ela
Em alguns países ainda padece.
Infelizmente isto acontece,
Nem sei se isto vai mudar.
Sei que ela não vai parar de lutar,
Sei que desta prisão,
Um dia há-de se libertar.

quinta-feira, maio 25, 2006

"Uma curta passagem"

Tão curta é,
Que nem sequer
Chegamos a desfrutar
Devidamente do espaço que nos rodeia.
Sei que vivemos cada dia,
Sem pensarmos
Na curta passagem
Que é a vida.

Simplesmente desfrutamos de cada dia,
Como se fosse o último.
Talvez por obstinação
Do destino,
Ainda acabamos por viver
Durante mais um tempo.
Com isso viramos a presa,
Da própria morte.
Mesmo não sendo licito
Esse rompimento
Com os outros mortais.

(A vida consegue obsequiar
A mãe com outro ser,
Mas mesmo assim,
Ela vai sempre obstar,
Mostrando que este não conseguiu
Substituir o outro filho que partiu.
Foi num tempo ocasional,
Que apoderou-se dele aquele mal).

A nossa estadia neste mundo,
É mesmo uma curta passagem
Que oculta o dia do nosso fim.
Deixando-nos viver
Como prisioneiros
De uma doença sem cura.
Sem que alguém possa
Desvendar quando será o dia exacto
Para partirmos.
Deixarmos de caminhar secretamente,
Pela libertação de cada alma.

«A vida pode ser mesmo curta,
Por isso, preocupa-te mais
Em preservar a união
Entre cada povo;
Em salvaguardar a vida do próximo,
Do que passares os dias
A tecer o teu império.»

Como a vida é curta,
Ainda partes antes de o teres tecido,
E nem sequer desfrutaste
Da oportunidade que te deram.
«Ajuda a prolongar a passagem,
Daquele pobre ser.
Preservando a mensagem,
Deste poema que acabei de escrever.»

quarta-feira, maio 17, 2006

"Salvação ou condenação"


O homem na sua caminhada
Mostra sinais de ser devoto
Da religião cristã.
A fé, assim, é espalhada
Por mais um voto,
Em cada Domingo de manhã.

É nas horas mais angustiantes,
Nos dias mais distantes,
Que se vê obrigado
A apelar a Deus.
Que antes fora por ele renegado.
Nesses momentos
A sua fé
Atravessa a profanação,
Visualizando acontecimentos
Dos quais, crente agora é.

Sendo corrompido pelo desespero,
Apela ao sentimento
Que até então
Se mantinha severo
Em relação a esse comportamento.
Suplica a Deus Pai
Todo Poderoso,
Onde a descrença já lá vai.
Provando o quanto precioso
Chega a ser,
Com esse milagre que a fez acordar
Depois de um choque frontal.
Deixou assim uma esperança se erguer,
Com a prece que a conseguiu libertar
Daquele bendito mal.
Viu em Deus a salvação,
Através da milagrosa devoção.

É preciso uma situação
Como esta,
Para ele acreditar na sua religião.
Desta forma se manifesta,
A verdadeira crença.

Pena que, por vezes, o ser humano,
Perde-se por um outro plano
E cai na tentação.
Não na tentação da carne,
Mas sim, no aproveitamento
E no engrandecimento
Dos seus bens materiais.
O que é terreno,
Vira o seu próprio veneno,
Levando-o às portas do Inferno.
Deixa de acreditar no Amor Paterno,
Não vendo o lado divino.
Deixando nas mãos de Deus,
O seu destino.

Neste caso o que é mais certo,
A salvação
Ou a condenação?

«Materialmente, a salvação,
Espiritualmente, a condenação,
Porque os bens materiais
Não o livram do pecado.»

sábado, maio 13, 2006

"O Poeta"



«O poeta não é aquele que escreve,
Mas sim, aquele que sente.»

Cada verso escrito,
Onde o sentimento fica restrito
Nas palavras que manifestam
O seu interior.
Só que, por vezes, se infestam
De sofrimento. De angustias. De dor.
E o poema vira o fruto
Dessa tristeza sentida no exterior
Por quem lê.
Esses versos que despertam
Sensações misteriosas
Nas pessoas que lêem.
Mas às vezes libertam
Ilusões dolorosas,
Que se sentem, mas não se vêem.

É aquele que sente,
Porque um poema fala por si
Quando é lido com calma.
No momento em que está diante de ti,
A sua interpretação
De uma certa forma acalma,
Aquela ânsia que se manifesta
Através da citação
Daquela incompreensão infesta.
Aquilo que um verso
Chega a induzir,
Torna-se o inverso
Daquilo que chegas a sentir.
No silêncio o poema
Ganha vida,
Encontrando no tema
A voz da partida.

É aquele que sente
Algo, do qual jamais
Alguém conseguirá inibir.
Em si estão presentes,
Os ideais
Que se contrapõem
Às diversas situações embaraçosas.
Por serem manhosas
As suas excêntricas visões.
«Mas o poeta não vive só de ilusões!»

É aquele cavaleiro andante,
Solitário,
Mas puro diletante
Da sua poesia.
Cada poema é o puzzle de um diário,
No qual se codifica a mensagem,
Por entre cada verso.
Só que a focagem
Feita pelo leitor,
Perde-se num sentimento controverso
Àquele que ele sentia.
Tonando-se o recriador,
A um nível sintético,
E também estético.

«Poeta é aquilo que sei ser.
De outra maneira,
Não me conseguiria ver.
Isto não é brincadeira,
Porque é só ao escrever,
Que posso renascer.»

domingo, maio 07, 2006

"Abandono"



Uma das coisas que entristece
O meu sensível coração,
É saber que aquele ser
Não tem mãe nem pai.
Sendo órfão,
Sem ter
Alguém que substitua o carinho
Dos seus pais.
No seu longo caminho,
Sofrerá cada vez mais
Por sentir
A falta deles.
Seria neles,
Que veria motivos para evoluir.
Aos pouquinhos poder aprender,
Podendo no seio da família crescer.

Mas o gesto de rejeição
Perante um ser indefeso,
Magoa ainda mais o meu coração.
Dorme tranquilo deitado no berço,
Completamente indiferente
Daquilo que está por acontecer.
Sendo inocente,
Nunca irá perceber.

Pelos seus pais foi abandonado,
Continua no berço deitado.
Dorme muito sossegado,
Apesar de não ter os seus pais
Do seu lado.
Agora ficou sem ninguém,
Sozinho ali ele está.
A verdade por aí vem,
Mas ele continua a dormir.

Talvez nunca chegue a descobrir,
Que os seus pais, abandonaram-no
Um casal, adoptou-o.
E tentam substituir
O carinho que se recusaram a dar.
Mesmo não tendo pedido
Para nascer,
Dessa forma conseguiram mostrar
Que não queriam dele saber.

Que injustiça,
Sendo um recém-nascido,
Como tiveram coragem de o abandonar?
Ainda bem, que foi devolvido,
Ao conforto de um lar.
Não seria bom para ele
Crescer na solidão.
Vejo nessa adopção,
Uma segunda oportunidade.
Já está completa a sua felicidade,
Esquecendo aquela expressão
De infelicidade.

«O carinho,
De uma mãe é fundamental.
Quando sai do ninho,
Percebe o quanto para ela
É especial.
Através dela,
Recebe o verdadeiro amor de mãe.
Sem o qual
Ele não conseguiria sobreviver.
Fazendo que tudo pra que ele possa viver,
Sem lhe faltar
O abraço, capaz de o proteger.
Isto é o símbolo deste dia,
Onde o mundo parece de fantasia.

quarta-feira, maio 03, 2006

"Apeguei-me a ti"



Já me apeguei
Tanto a ti,
Que não te quero ver partir,
Porque te guardei
No primeiro dia em que te vi
Dentro de mim.
Sendo assim,
Fazes parte do meu interior.
Transmito isso no exterior,
Através de um sorriso,
Em cada momento que passo por ti.
Agora eu preciso,
De te encontrar sempre aqui.
Tenho receio que partas sem eu saber,
Promete-me que jamais te hei-de perder.
Prometes? Quero estar do teu lado,
Passar mais tempo contigo.
Por o tempo ter passado,
É que já não estás comigo,
Mas sei que passarás
Outra vez pelo meu ser.
Sei que o tempo não volta atrás,
Mas jamais me hei-de esquecer
De cada dia,
Em que estivemos frente a frente.
É impossível ignorar
O brilho que se irradia
Quando te vejo sorridente,
Por isso, é bom ver-te a aproximar,
A cada passo...
O teu caminhar
Tem o compasso
De uma linda melodia.
Ouço-a tocar,
A cada passo teu.
Devo ser eu,
O único a notar isso.
Mas podes acreditar nisso,
Porque estou a falar a sério.
Envolve-te um certo mistério,
Que te fica tão bem.
Sabes, apeguei-me a ti,
Não te vás embora, fica por aqui.

terça-feira, maio 02, 2006

"União das letras"



É da união
Das letras
Que surgem as palavras.
Através dessa designação,
As palavras juntam-se
E dão origem a frases.
As vogais agrupam-se
Com as consoantes,
Preenchendo inúmeras folhas de papel,
Dando origem a histórias fascinantes.

(O Príncipe montado no seu corcel,
Enfrenta todos os perigos,
Derruba todos os inimigos,
Para salvar a Princesa.
Uma certa firmeza,
Move-o nessa aventura.
E o amor perdura,
No encalço da sua bravura.)

Histórias como esta,
São o fruto da tal união.
Onde se manifesta,
A voz do coração.
Mas para desvendarmos,
Os diversos mistérios
Das letras,
Devemos apreciar
Uma boa leitura.
Só assim podemos desfrutar,
Da fantasia que lá perdura.

(O Cavaleiro
Percorre bosques, vales e florestas,
Tentando encontrar o paradeiro
Daquele maligno Dragão.
Ó Dragão, quando libertas
A tua fúria através das chamas,
Aceleras o bater do meu coração.)

Os episódios que provocam
Uma sensação de aflição,
Invocam
A verdadeira magia da escrita.
É por causa da emoção,
Que aquela criança acredita,
Naquilo que lhe foi dito,
Naquilo que estava escrito.

(Piratas navegam pelo mar,
São os tesouros que os levam
A velejar,
Por entre violentas tempestades.
Pelos oceanos navegam,
À conquista de novas ilhas.
Explorando as maravilhas,
Que esconde cada aventura).

Três exemplos daquilo que pode resultar,
Da união das letras.
Também podemos consultar
Os livros, para explorarmos o mundo.
Chegando cada vez mais fundo,
Descobrindo um novo universo,
Mesmo que seja na presença de um verso.

«Cabe-me a mim escrever,
Para vocês poderem ler.
Cabe ao professor ensinar,
Para aquela criança poder interpretar
A mensagem aqui expressa,
Se for boa a leitura.
Mas lê com calma, não tenhas pressa.»

sábado, abril 29, 2006

"Desenho teu corpo"



Numa linda tarde,
Exactamente num fim de tarde,
Onde o sol já não arde
Com tanta intensidade,
Dois jovens decidiram
Assistir ao pôr-do-sol
À beira-mar.
Atentamente, seguiram
O sol, até ele pôr-se.
Ficaram a olhar
Um para o outro,
Até que ele toca
Delicadamente no seu rosto.
Parece que sufoca,
A sua dúvida
Acerca do momento ali proposto.
Com a mesma delicadeza,
A beija à luz do luar.
Beija-a com firmeza,
Para ela não hesitar,
Fazendo-a sentir-se segura.
Sua língua a dela procura,
Quando se tocam,
Calores provocam...
Eles se abraçam,
Várias horas passam,
Mas os lábios unidos continuam.
Muito tempo demorou...
Até que ele a abraçou,
E ela também...
Ali não se via mais ninguém,
Os dois ali
Sozinhos, estão tão bem...
Ele beija-a outra vez,
Só que desta vez
Deita-a naquela areia tão fina.
O corpo dela de uma certa forma assina
Nela os traços do seu corpo airoso.
Ela ali deitada,
Sua face por ele é acariciada...
Momento tão gostoso...
Ela levanta-se e caminha
Em direcção ao mar.
Mergulha, e quando vem à superfície,
Está nua...
Naquele corpo quero tocar,
Entro na água e fico
De frente para ela.
Vejo nela,
Uma certa provocação,
Por causa da sua respiração.
Cada gota percorre
Aquele corpo.
Por ele cada gota escorre,
Pelos seus seios,
Até à água.
Seios perfeitos,
Corpo sem defeitos.
Aproximo-me daquele corpo,
Não para o possuir,
Mas apenas para o sentir...

Desenho teu corpo neste poema,
Onde o posso olhar.
Cada traço
Posso observar,
Quando o abraço
Só queria continuar,
Mas dele não vou abusar.

quarta-feira, abril 26, 2006

"Tempo"

Tempo,
Por que passas?
A vida de uma tal
Maneira abraças.
Que tudo muda coma a tua presença.
Pelos vistos é tão extensa
A tua existência.
Tens uma tremenda influência
No ciclo da vida,
Que nem se dá falta da tua partida.

Tempo,
Envelheces
O mundo,
Mas o rejuvenesces
Segundo a segundo.
Apesar disso,
Sinto uma angústia
Com a tua passagem,
Porque modificas a paisagem
Com novas pessoas.
E foram tantas
Aquelas que por tua causa
Para trás ficaram.
Não me dás uma pausa,
E aqueles momentos
Infelizmente já passaram.

(Restam-me apenas lembranças,
Meras recordações,
Que tu, teimas em dissipá-las
Do meu pensamento.
Não sei as razões,
Mas queres apagá-las,
Apagando também este sentimento?
Será que fazes isso,
Para o meu bem?
Cada vez que penso nisso,
Percebo que me deixas aquele alguém).

Tempo,
Até os animais
Sofrem com a tua passagem.
Não são desiguais,
À tua existência.
Ela não dispensa,
Fazer uso da tal influência,
Envelhecendo cada ser vivo.
Penso que és um tanto agressivo,
Impedindo cada ser
De viver
Livremente...

Tempo,
(Agora com 17 anos,
Vejo a rapidez
Com que passas.
Lamento os enganos,
Sem sensatez
Das mentiras tão escassas.
Sei o quanto iníquo
Podes ser para nós.
São nos momentos
Em que estamos sós,
Que nos mostram
Como é contínuo
O teu ritmo).

«Ó tempo,
Não passes a correr,
Passa antes devagar.
Não passes, por passar,
Deixa-me viver.»

Tempo,
Por que passas?

sábado, abril 22, 2006

"Precisas de sorrir"



Poetiza,
Por que estás triste?
Inexplicavelmente partiste,
Deixaste o teu mundo de alegria.
Agora, nessa tristeza vazia,
Escondes-te pró mundo.
Noto que é profundo,
Cada desabafo teu.
Um castelo de solidão
Se ergueu,
Nesse sofrimento
Que se esconde da minha visão.
O teu afastamento,
Tece uma teia sólida,
Que me prende,
Não me deixa chegar a ti.

Mas não desisto,
Em vez disso persisto.
Tento trespassar,
Essa teia que a tua dor tece.
Com a ideia de a ultrapassar,
Um sorriso aparece,
E dá forças, para não me render,
Podendo-a romper.

Mesmo assim,
Ainda não cheguei a ti.
Mas com a missão eu vim,
De te levar daí
E trazer para aqui,
O teu verdadeiro ser.
Nem que tenha de redizer,
Cada verso aqui expresso.
Calmamente atravesso,
Toda essa nuvem cinzenta,
Chegando ao teu refugio escondido.
Pena que fui devolvido,
Ao ponto de partida.
É tão vaga essa ferida.

Chego ao centro
Daquilo que te entristece.
Por estar dentro
Pela primeira vez,
Algo em ti me obedece
E vejo um sorriso
Ligeiramente embaciado,
Por recentemente teres chorado.
Fico um pouco animado,
Pareceu-me um sinal,
Levantando o teu astral.

Apesar de tudo,
Não foi o suficiente,
Em ti está presente
O grito mudo
Que tenta afastar de ti
Esse descontentamento.
Sofro com o teu sofrimento!

Escrevo isto apenas pra te dizer,
Que jamais estarás sozinha.
Tens a minha
Companhia para sempre.
A amizade que aqui está presente,
Tens o fruto disso,
Aqui bem à tua frente.
Espero que sirva de conforto,
Este poema...