-->

segunda-feira, setembro 04, 2006





Avó,
Por que me deixaste
No meio desta solidão?
Onde agora és apenas
Uma recordação.
Claro que és mais do que isso,
Mas choro quando me lembro disso.
Partiste na longa viagem,
Deixando apenas ficar a tua imagem.
A imagem que marca a minha vida,
Mesmo sabendo da tua partida.
São nos momentos em que estou triste,
Que a minha solidão é possuída
Pela tua imagem, a de uma sábia avó.
Além de sábia,
Eras carinhosa,
Essa ternura parecia
A de uma mãe.
Tratavas sempre bem
Os teus netos,
Guiando-nos sempre
Pelos caminhos mais certos.
Desde que saíste de perto de nós,
Nos sentimos tão sós.
Eu encontro-te em cada verso,
Em que misteriosamente contigo converso.
O tom da sua voz
É que ligeiramente mingua,
Fazendo-me sentir falta da tua
Doce pessoa.
Dando-me a entender
Que calmamente de mim se afasta,
Ficando outra vez sozinho.
Adorava poder ter,
Nesta dor que me arrasta,
Ter de novo o teu carinho.
Nos tempos de meninice
Não havia vestígios de mesmice,
Porque habitava o teu terno Mundo,
Abrigando-me dos perigos que corria.
Vivia assim cada dia,
Rodeado de afecto, de amor
E de muitos miminhos.
Não eras dada a minúcias,
Já que nos enchias
Sempre de afecto e de amor.
Não davas nada pela metade,
Já sabias a quantidade
De que precisavas para nos sentirmos bem.
Avó, com lágrimas nos olhos eu te peço:
- Dá-me tudo outra vez.
Leva-me para teu Mundo.
Deixa-me sentir o que sentia...
Mas por favor, não me deixes sozinho.
Preciso de carinho.

Nenhum comentário: