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sábado, outubro 21, 2006

Suicidio




Todo o ser que nasce
Luta bravamente
Para sobreviver,
Raramente
Ele pensa que vai morrer.
Leva a sua vida
Com garra e determinação,
Tentando
Afastar de si o chamamento
Que o quer levar
Pelos caminhos da escuridão.
A sua existência
Torna-se uma luta constante
Para manter intacta
A sua vivência,
A sua aparência.

Durante longos anos
Preocupa-se mais
Com a sua vida,
Em fugir sempre
Da hora da sua partida.
A sensação de caminhar livremente
Pelo seu espaço
Dá-lhe uma força vigorosa.
Acredita piamente
Na sua liberdade
Esquecendo-se que este Mundo
Não é Nosso,
Que apenas alugámos
Por um período de tempo
Um lugar nesta «obra inacabada
Que Deus iniciou.»

Sentido-se a mais nesta
Amostra que vai «desde o nascimento
Até à morte»,
Planeia suicidar-se.
Isso não passa de um plano indefinido,
Quando tem receio a executá-lo.
Ao pensar nos outros,
No tanto que batalhou
Para viver,
Percebe que o suicídio
Não é a solução.
O certo e normal, é lutar para sobreviver
E não sofrer
Para morrer,
Fugindo,
Sendo um pouco cobarde.
Mas nunca é tarde,
Tem sempre a possibilidade
De recuar desse passo maligno.
Se as pessoas mais próximas
Já sofrem quando um familiar falece,
O que sentirão elas
Ao saberem que aquele
Ente suicidou-se?

Talvez isto para algumas
Pessoas não faça sentido,
Se pensarem que morremos
Independentemente se nos suicidarmos
Ou não,
Só que ao longo dos anos percebemos
Que não vivemos
Só por viver.

«Eu próprio percebi isso,
Por causa disso
É que ainda permaneço aqui.
A minha vida
Parte daqui,
Disto que com seriedade escrevi.»

sexta-feira, outubro 20, 2006

Eu, o Poeta



Há uns anos atrás,
No tempo em que vivia
Na aldeia onde cresci
O Poeta deu-me
Os primeiros sinais.
Lembro-me de procurar poemas
Nos manuais
Da escola.
Jamais pude prever
Que ele estivesse a nascer
E já dentro de mim
Começasse a crescer.

Libertou-se definitivamente
Quando numa aula
Escreveu o seu primeiro poema.
Era um poema simples,
“A vida”, foi o seu tema.
Desde esse dia começou
A escrever,
A cada poema
Fico a conhecer
Ainda melhor o Poeta.

No tempo em que se mudou
Para a cidade,
Encontrou
A sua liberdade
Nas letras que escreve.
Uma grande mudança
A minha vida teve,
Porque comecei a ver
O Mundo, a enxergar as coisas...
Outrora olhava para elas
E pensava que estava
Tudo bem,
Ou não me questionava
Sobre certas coisas
Que acontecem,
Mas agora essa ideia mudou.
A poesia
O Mundo me mostrou.

Sei que Eu e o Poeta
Somos um só.
Um não vive sem o outro,
Estamos sempre ligados.
Não podemos ser separados,
Porque Eu não sou
Nada sem o Poeta.
E ele não é nada
Sem mim.
Um elo forte nos une
Sendo imune
A qualquer coisa.
É eterna a nossa união!
O nosso fruto nasce no coração
E é saboreado
Em cada verso,
Mas só se a mensagem
For interpretada.

Eu sou o Poeta
Que escreveu este poema.
Escrevo-os todos com amor,
Todos têm o mesmo sabor.
As pessoas têm de saborear bem
Para saberem o que se esconde,
Ou qual foi a semente que fez
O poema germinar.
Não vou deixar de escrever
Por ser sempre pura
A semente que semeio.
O leitor com certeza
Há-de colher
De bom agrado os meus frutos,
Por serem todos cultivados,
Tratados
Com amor.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Uso o lápis...





Para passar cada poema
Repleto de sentimento
Para a folha de papel.
Desta forma tento
Esvaziar o meu ser
De preocupações,
Esquecendo as situações
Por que passo...

Uso o lápis
Desabafando através dele.
Eu preciso que ele
Escreva aquilo
Que não consigo dizer,
Ou falar sobre isso...
Se falasse corria
O risco de ninguém me ouvir.
Através da poesia
Além de fazer reflectir,
As palavras falam por si.

Necessito do lápis
Para entrar
No meu outro mundo.
Assim posso libertar
O meu outro eu.
Ele é mais profundo,
Vive no fundo
Do meu coração.
Só aparece nos
Momentos de aflição.
O lápis nessas ocasiões
Torna-se o meu melhor amigo.
Leva-me para o meu abrigo.
Por causa da sua utilidade
Eu alcanço a minha liberdade.

Satisfaço a minha necessidade
Servindo-me da sua função.
Tenho sempre vontade de alcançar
Este meu único bem.
É sempre com satisfação
Que escrevo um poema.
Disponho de inspiração
Para pegar no lápis
E colar na folha de papel
Mais do que simples palavras.

Uso o lápis
Para não me esquecer
Da lição
Que aprendi.
Por saber
Que lhe saiu do coração
Eu o ouvi.
Quando ele me ensina
Muito me anima,
Sabendo que recupera
A minha auto estima.
O conselho que o lápis
Me dá,
«É que existe
Muita maldade.»
Por detrás do meu rosto triste
Ele encontra
A minha felicidade.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O Poeta



Nasceu numa aula, em que eu escrevi um poema há quatro anos. Foi o seu primeiro poema, e desde esse dia ficou conhecido assim.
Essa alma mostrou a sua cara sem ninguém se aperceber, sendo ele o motivo das conversas naquela escola onde andou. Tantos agradecimentos, tantos parabéns recebeu desde que apareceu no Mundo.
É novo, apenas tem quatro anos, mas parece que já nasceu Poeta. Ele mora dentro de mim.
Desde que apareceu começou a questionar o Mundo, as coisas...
Esse Poeta deu-me os primeiros sinais naquela aldeia onde nos livros da escola começou a ler os primeiros poemas, não eram os dele, mas daí nasceu a paixão pela poesia.

Estrela cadente






Debaixo de um céu estrelado
Estava do teu lado.
Depois de te beijar
Te abracei
Te apertei
E vi passar
Uma estrela cadente.
Onde desejei
Que estivesses ali
Sempre presente.
Tu sabes que eu estou aqui
Bem à tua frente.

Foi essa estrela cadente
Que nos uniu.
Daquele cenário carente
Nenhum de nós saiu.
As brisas arrefeciam
Os nossos seres,
Mas aqueles beijos aqueciam
Os nossos corpos
De uma tal maneira
Que libertavam uma chama.
A chama do nosso amor.
Sou aquele que te ama,
Seja onde for.
Este sentimento é sincero,
Não quero
Que sintas alguma dor.
Nosso amor não vai acabar,
Por favor, ajuda-me a ignorar
Que isso venha a acontecer
Porque não te quero perder
Não te quero perder.

Sonhei com esta estrela cadente,
Mas felizmente
Tu estavas mesmo lá.
Só que agora não estás cá.
E desejo ver-te amanhã,
Logo pela manhã
Como num dia normal,
Por ser tão especial
Começar o dia assim.
Foste feita só para mim
Só para mim.

Essa estrela cadente nos uniu,
Assim meu coração é teu
E o teu é meu.
Ficaremos juntos até ao fim,
Por favor, diz-me que sim
Diz-me que sim.

terça-feira, outubro 03, 2006

Caminhas...





Caminhas,
e a solidão
te persegue.
O som do bater do teu coração
te segue,
quebrando o silêncio.
a cada passo,
aproximaste ainda mais desse vazio.
Tremes, sentes frio.
Mas encontras conforto
dentro de ti.
Já foram alguns
os passos que deste,
mas parece que te perdeste
nessa imensidão.
Será que é por causa
dessa solidão?
Não fazes nenhuma pausa
e continuas.
Algo insinuas
no teu caminhar.
Só queria lá estar,
para te libertar
daquilo que te faz sofrer,
que te faz estar só...
Gostava de saber o que sentes,
mas num sorriso parece que mentes,
porque sei que é imensa essa dor.
Não te dás assim tanto valor,
Por isso, foges pra bem longe
E sozinha caminhas...