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quinta-feira, novembro 02, 2006

Ainda me dói


Já passou algum tempo
Desde que deixaste de existir.
Sem eu saber
Decidiste fugir.
Fugiste desta vida
Para ocupar
O teu lugar no céu.
Nesse dia foi definida
A tua ausência,
Deixando-me a lembrança
Da tua vivência
Neste Mundo alugado.
Coitado
De mim,
Que fiquei sem ti.

«- Deus,
Achas que é justo
Deixares-me construir esta relação,
Para depois não te preocupares em quebrá-la
Sem nenhuma explicação,
Sem nenhuma condenação?
Criei este lindo laço
Com a minha avó,
Quando menos esperava
O seu nome na lista estava
E ela já viajava…
Na longa viagem caminhava,
Ao saber disso
Meu coração parou,
Meu ser lágrimas de sangue derramou.
Uma ferida que não cicatrizou,
Porque ainda me dói.»

Os dias perderam a cor.
De que me vale sentir rancor?
É ruim não poder fazer nada.
Vivo e caminho,
Por te sentir do meu lado.
Sei que sou protegido
Pela sua bondade.
A tua morte foi uma fatalidade,
Parece que Deus
Tinha necessidade
Da tua presença.
Não vejo «bom senso»
Na sua decisão,
Porque levou-te da minha realidade.

«- Deus,
Por que é que criámos
Elos de amizade,
Se tu os quebras?
Por que é que valorizámos a união,
Se tu és Pai
Da desunião?
Por que é que eu
Faço estas perguntas
Se tu fazes tudo em silêncio?
Não sei se estas perguntas
São aceites,
Mas é a sua falta
Que me faz questionar.
O tempo não pára de passar,
Mas sua ausência ainda me dói.»

«- Avó,
Protege-me do mal.
A tua bênção é vital
No meu percurso.
Sigo como o curso
De um rio,
Quer cheio, quer vazio.
Agora vai sem água,
Porque a minha avó faleceu,
Como eu não a esqueci
Isto ainda me dói».

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