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sexta-feira, agosto 18, 2006

TRISTE PAISAGEM











Depois de as chamas
Devorarem hectares de floresta,
A chuva refresca
O pouco que resta,
Após a passagem do Inferno.
Cada gota de um jeito terno,
Molha as árvores carbonizadas.
Entre a vida e a morte,
Por terem sido abraçadas,
Por um fogo impiedoso.
Não tiveram sorte!
Estando um dia ventoso,
O rumo do incêndio era imprevisível,
Mas esta triste paisagem
É bem visível.
Uma paisagem completamente morta,
Onde nenhuma semente agora brota.

A água escorre pelos troncos
Quando chega ao solo,
Nada lhe serve de consolo,
Porque as árvores queimadas
São as cicatrizes
Desta triste paisagem.
«Quem é que pode tirar
Alguma vantagem,
Destruindo a nossa mina de oxigénio?»

(Quem? Posso saber?)
As gotas salgadas que caem no chão,
São as marcas do sofrer
De cada população.
Vejo tantas feridas
Nos escombros daquela habitação.
Algumas vidas,
Também ficaram
Nesta triste paisagem.
A imagem negra,
É a camuflagem
Que esconde os números
Dos hectares ardidos.


A água no seu percurso,
Faz a limpeza
De cada monte.
Em cada curso,
Solta-se a tristeza
Por ver o que restou
Depois de um grande incêndio.
Quase nada ficou,
O fogo extinguiu por completo
Aquela fonte de oxigénio.
Custa a muita gente
Ver um cenário como este,
Mas é este o cenário
Da triste paisagem.
Mesmo que tenha sido um acidente,
Nada lhe trará o seu doce lar
De volta,
Por mais que alguém lamente,
E o incendiário
Anda por algures à solta.

É muito triste a paisagem
Que fica depois de um incêndio.
O que era um espaço verdejante,
Vira cinzas num instante.
São poucos os segundos,
Que o fogo precisa
Para devorar esse espaço verde.
Torna-se o rosto
Do mês de Agosto,
A triste paisagem...

Falam-se em medidas
Ao longo do ano,
Mas parece que ficam esquecidas
Em algum lugar.
De nada podem valer,
Àquele bombeiro
Que acabou de sacrificar
A sua vida
Para combater um fogo posto.
E repete-se a história do mês de Agosto...

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