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quinta-feira, março 03, 2011

Dúvidas





Verdadeiramente,
O que esconderá
A paragem súbita do coração,
Quando provoca a morte?
O que haverá,
Realmente,
Depois, dela cumprir a sua missão
E nos levar da vida?
Que segredos esconderá?
Esta vida terá
Mesmo continuação
Num corpo frio
Sem se notar movimentos de respiração?

Dizem que é da natureza do Homem
Deixar a carne e partir,
Mas até onde chega a ir?
Onde estará a porta que a alma abre
Ao desprender-se do ser?
Para onde irão
As almas que voam
Ou perfuram o chão?
Tanto um sitio como o outro,
Têm de ser amplos,
Ou não cabem todas elas.

E serão as que se perdem,
Aquilo a que damos o nome de «espíritos?»
Qual será a razão
Desse invisível regresso
Ao reino dos vivos?
Talvez seja,
Porque achou injusto ter
De o deixar
E ainda deseja
Por aqui caminhar.

Um corpo frio e incolor,
Pode lá deixar sair
Alguma coisa de dentro de si,
Estando verdadeiramente morto?
Então como pode libertar uma luz,
Logo após alcançar a sua meta?
E que luz é essa que nos guia
E diferencia o santo do pecador?
O cadáver ali dentro de uma caixa,
Deixa-se ser triturado pela terra,
Ficando apenas o esqueleto!
Como um monte de ossos
Liberta alguma coisa?

Estas são no fundo,
As minhas dúvidas.
Mergulhadas numa incerteza profunda.
Estas minhas suspeitas
Tornarão menor a minha fé;
A minha devoção;
A minha crença;
O meu credo?
Ou será menos sentida a minha oração
Pela existência delas?
Não. Não. Não!
Acredito em Deus
E no filho seu,
Como acredito
Num poema meu.

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