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quinta-feira, outubro 04, 2012

Velho olival






No olival
Onde cresci
E corri;
Tantas uvas, eu apanhei
E milho semeei,
Encontro-me sentado
Em cima de um tronco
De castanheiro.
Agora morto,
Pelos tantos anos
Que tem.

Servirá de assento
Até eu escrever
Este poema.
Dou-lhe mais um dia
De utilidade
Na minha poesia.

As oliveiras
Também velhas,
Que viram-me crescer.
Ainda se encontram
No mesmo lugar.
Nelas posso reviver
Aquele tempo de desencontro
Por eu aqui voltar
Mais velho,
Mas vivido.
Houve um espaço em branco
Entre hoje
E os dias
Em que elas,
Viveram minhas alegrias.

No tempo em que cá vivi,
Várias visitas, eu fiz
A este olival.
As oliveiras viam-me diariamente
E agora
Vêem-me tão diferente.
Peço-lhes desculpa,
Por ter estado ausente,
Mas quis navegar
Um novo mar.

Voltei, e voltarei sempre
Porque guardo nelas
As minhas memórias.
No olival estás presente,
Através delas
Revejo quem
De verdade partiu.
Quem te deixou,
De ti saiu
E nunca mais voltou.
Se eu ainda cá estou,
É por puder andar,
Puder cá voltar.

Ao olhar em frente
Vejo a paisagem
Que sempre via ao acordar.
Ela está mais nova,
Apesar de os anos
Que em mim vêem-se
Que estão a passar.
Continua deslumbrante,
Pura e fascinante.
O verde está mais vivo,
Pinta de forma
Visível aquela paisagem.

- Voltei a ti
Ó velho olival.
Sei que estou mudado,
Mas não leves a mal.
Sabes que ainda sou eu,
Quem em ti
Tantas vezes correu.
Guarda o meu lugar,
Vou-te deixar.



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